Conferência proferida pelo P. Adelio Torres Neiva na celebração do tricentenário na Torre d Aguilha
O itinerário espiritual de Poullart des Places pode ser pontuado, como o faz Jean Savoie, em três etapas sucessivas: em primeiro lugar a passagem da sua carreira pessoal e mundana para se pôr á disposição de Cristo para o serviço dos pobres é o seu caminho de Damasco que teve o seu momento culminante no retiro de 1701, em segundo lugar a passagem das suas certezas humanas para as certezas de Cristo á escuta dos pobres: o seu tempo do colégio de Luís o Grande em que ele decide fazer-se sacerdote e se compromete com os doentes, os pobres e os aspirantes ao sacerdócio sem recursos – é o seu caminho das bem-aventuranças; e em terceiro lugar o tempo em que ele abre uma casa de formação para aspirantes pobres ao sacerdócio, que tanta dedicação e sofrimento lhe exigiria: : é o seu .caminho da cruz, a sua via sacra.
Nesta caminhada foi emergindo uma mística de vida que acabaria por se tornar a base da sua espiritualidade Esta mística assenta em três pilares: a docilidade ao Espírito Santo, a vida de comunidade e a mística da pobreza. È nestes pilares que temos de alicerçar a nossa identidade das origens.
Notemos desde já que estas três vertentes são um pouco as bases de uma espiritualidade que Poullart des Places descobriu ao longo da sua vida. e que por vezes se misturam e se cruzam. O Espírito Santo herdou-o como devoção e descobriu-o como docilidade; a pobreza descobriu-a como acolhimento aos pobres e acabou por a assumir como mística da sua vida; a comunidade descobriu-a como estatuto para uma vida em comum e acabou por a assumir como cenáculo de vida consagrada: foi a passagem da vida comum à comunhão de vida
Nesta abertura do Ano de Poullart des Places, vamos fazer uma visita guiada a estes pilares das nossas origens, servindo-nos de guia a revista “Missão Espiritana” consagrada ao nosso primeiro fundador, que acaba de ser editada.
1.O Espírito Santo na vida de Poullart des Places: da devoção ao Espírito Santo à docilidade ao Espírito Santo.
A origem da consagração dos Espiritanos ao Espírito Santo poderia ser procurada na data do nascimento oficial do seminário dos estudantes pobres na festa do Pentecostes de 1703. Sabemos, porém, que Poullart des Places tinha já sonhado e começado a sua obra alguns meses antes. Nada o impedia de retardar a cerimónia da inauguração até ao início do próximo ano escolar ou até a uma outra festa à sua escolha. Não é portanto a data do Pentecostes que explica a consagração ao Espírito Santo, mas é a vontade do fundador de dedicar a sua obra ao Espírito Santo que explica a escolha do dia do Pentecostes para a sua inauguração.
Para reencontrar as fontes da inspiração da devoção ao Espírito Santo, de Poullart des Places temos que nos remontar à Bretanha. das suas origens As missões e os retiros tinham sido os principais instrumentos da renovação espiritual daquela província. Ora a verdade é que esta renovação se tinha operado sob o signo da devoção aos Espírito Santo e isso graças à influência do jesuíta o P. Lallemant . Este jesuíta, o famoso orientador do terceiro ano de noviciado dos Jesuítas, é o fundador de uma escola de espiritualidade, que mais que qualquer outra, acentua a importância da docilidade ao Espírito Santo. nos caminhos da vida cristã. Ele nunca esteve na Bretanha mas os seus discípulos sim. Os seus discípulos foram os grandes pregadores dessa espiritualidade na Bretanha :nomeadamente em Rennes, Rouen, , Bourges, Saint Brieu, a sua animação espiritual cobriu toda a Bretanha. Para Lallemant os dois pólos da sua espiritualidade eram a pureza de coração e a docilidade ao Espírito Santo, sendo o primeiro apenas um meio para atingir o segundo. “ O fim a que devemos aspirar, depois de nos termos por muito tempo exercitado na pureza do coração, é estarmos de tal maneira possuídos e dirigidos pelo Espírito Santo, que seja só ele quem conduz todas as nossas forças e sentidos, e que regule todos os nossos movimentos , interiores e exteriores, e que nos abandonemos totalmente a Deus ,, por uma renúncia espiritual das nossas vontades e das próprias satisfações. Assim, não viveremos em nós, mas em Jesus Cristo, por uma correspondência fiel ao agir do seu divino espírito”.(Doutrina Espiritual. P. Lallemant)
No livro do P. Lallemant “Doutrina Espiritual” donde este texto foi extraído, há 150 páginas consagradas ao Espírito Santo, mas pode dizer-se que no decorrer da obra não há nenhum parágrafo em que o Espírito Santo não seja referido
Além de pregadores, os jesuítas apóstolos da Bretanha, eram também exímios directores espirituais. No século XVII estes padres chegaram mesmo a formar uma Associação denominada “Associação dos Padres do Espírito Santo”, uma espécie de confederação, que chegou a contar cerca de mil associados, que se dedicava especialmente à formação pastoral e espiritual dos padres. Um manual para estes padres tinha o nome de “ Instituição da Congregação dos eclesiásticos dedicada ao Espírito Santo, sob a tutela da sua esposa sagrada, a Santíssima Virgem”. Há muitas semelhanças entre este manual e os Regulamentos do seminário de Poullart des Places
Akém isso,, algumas cidades da Bretanha como Rennes, Vannes, Quimper, tinham a sua casa de retiros. A de Rennes foi fundada em 1675, pelo reitor do colégio. Um documento de 1678 informa-nos que só neste ano, nesta casa, mais de cem padres participaram em retiros especialmente organizados para o clero.
O jovem Poullart des Places deve ter sido muito marcado por esta corrente de devoção, pois na rua de S.Salvador onde decorreu a sua adolescência , uma casa, com bastantes probabilidades de ser aquela mesma casa que ele habitou com seus pais, era então vulgarmente apelidada de “Casa do Espírito Santo”
È também provável que em Rennes existisse já uma Confraria do Espírito Santo, pois em 1699 temos notícia de uma renda em seu favor e temos referências a essa confraria na capital bretã.
Estas influências que terão deixado marcas em Poullart des Palces foram depois aprofundadas durante a sua formação nos colégios jesuítas, nomeadamente pelo P. Julien Bellier, capelão do hospital de Saint Yves, que Cláudio acompanhava nestas visitas bem como visitas que em Nantes ele à casa de retiros destas cidade
Uma outra influência dos colégios, talvez mais decisiva, foi a Associação dos Amigos, que ele frequentou em Paris, no colégio de CLermont.ou Luois Le Grand. Na origem desta associação de piedade estão precisamente dois bretões, discípulos do P. Lallement: Vincent de Meur e Jean Bagot. A acta da inauguração da Associação reza assim: “Escolheu-se e determinou-se o dia do Pentecostes, 4 de Junho de 1645, onde todos juntos , estando reunidos na congregação mariana do colégio às 3 horas da tarde, cada um recitou as orações e fizeram as outras orações designadas pelas regras para a recepção dos novos membros…”
Poullart des Places conhecia bem esta acta que se repetia todos os anos no decurso da primeira assembleia, e se ele dedicou a sua obra ao Espírito Santo foi porque bebeu nas meditações e colóquios destas reuniões a sua profunda devoção à Santíssima Trindade. Estas meditações encontravam-se compiladas no manual chamado “Prática das virtudes cristãs”. O Capítulo VII é todo ele dedicado ao Espírito Santo. Dizia esse manual: “ No dia de Pentecostes e durante toda a semana, abrirei o meu coração ao Espírito Santo afim de que o encha, o possua intimamente e seja o espírito do meu espírito e o coração do meu coração. Apresentá-lo-ei afim de que ele o consuma, como vítima, nas chamas do seu amor…Na prática devo acostumar-me a considerar o Espírito Santo, habitando intimamente em mim.”.
Foi a partir destas influências que ele acabou por passar da devoção ao Espírito Santo à ductilidade Espírito Santo. Ele percebeu que o Espírito Santo queria passar das tradições e do património espiritual da Bretanha para o seu coração Então o Espírito Santo começou a entrar na sua vida. A devoção que o marcava foi apenas a porta para ele entrar. Foi um salto difícil de que ele nos dá conta nos seus escritos. Foi quando descobriu a revelação do amor de Deis por ele, que o fez ultrapassar todas as reticências No seu retiro de 1701, ele faz uma releitura da sua vida , toma consciência deste Deus que sem cessar o procura , o persegue e que não deixa em paz..”Vós me procuráveis, Senhor e eu fugia de vós” Então todas as barreiras caem e ele perde todas as suas defesas. A partir desse momento ele não tem outro desejo senão entregar-se a Deus e corresponder a esse amor..Foi o “franchir le pas” de que falava Lallemant Ele entrega-se a Deus com todos os seus defeitos, as suas luzes e as suas sombras., uma vez por todas. “”Arrependido da minha cegueira, renuncio de todo o coração a todas as coisas que me levam a fugir de vós. Agora que venho procurar-vos, estou disposto a seguir todas as ordens da Vossa Providência. Vinde ao coração em que desde há muito quereis entrar. A partir de agora só para vós terei ouvidos e não terei mais afectos senão para vos amar..”Estou decidido a seguir o caminho que me indicares”
A partir daí a docilidade ao Espírito Santo será a bússola que o vai guiar. A disponibilidade apostólica será uma das marcas de origem dos Espiritanos.. Srá no horizonte desta disponibilidade que ele conhecerá os pobres e jogará a vida pela sua causa. “O que o Espírito nos pede neste momento, pede-o para sempre. Devemos pertencer-lhe na vida e na morte…Comprometemo-nos a procurar a honra do Espírito Santo,, primeiro dentro de nós próprios por meio de um espírito de docilidade perfeita á vontade de Deus, de obediência e submissão aos impulsos da graça, por um espírito de abandono de nós próprios aos desígnios da divina Providência. È necessário deixar-se dirigir pelo Espírito Santo, seguir unicamente as suas inspirações e resistir a todas as da carne, não ter mais afectos nem intenções, que as que Ele inspira, confiar nele e rejeitar toda a inquietação. “Ele é o meu pastor, nada me falta”
Alguns anos mais tarde, quando a congregação estava já solidamente implantadas, o P. Warnet, Superior Geral confessava: .”Esta consagração que fazemos ao Espírito Santo faz parte essencialmente do espírito das nossas Constituições: as santas promessas que com ela fazemos são a herança que nos deixaram os nossos pais. Eles eram pobres dos bens da terra e queriam ser ricos só dos dons do Espírito Santo que constituíam todo o seu tesouro. Legaram-nos também um testemunho dos seus piedosos sentimentos numa fórmula de consagração que nó devemos honrar com uma veneração inteiramente religiosa porque é como que o seu testamento espiritual…Consagraram-se ao Espírito Santo sob a invocação de Maria concebida sem pecado e nos ofereceram a eles. . Não podemos pertencer a melhor Mestre , sob uma melhor salvaguarda como a de Maria . Consagremo-nos, portanto a um e a outra segundo a intenção dos nossos pai”
E o P. Besnard, na sua biografia de S.Luis Maria Grignion de Monfort, diz dos primeiros espiritanos: “Sabe-se a que se destinam os jovens eclesiásticos que se reúnem no Seminário do Espírito Santo. Formados para todas as funções do sagrado ministério e em todas as virtudes sacerdotais…possuem em guru elevado, o espírito de desprendimento, de zelo e de obediência. Dedicam-se ao serviço das necessidades da Igreja, sem outro desejo que não seja o de servir e de lhe ser útil. Vemo-los nas mãos dos superiores imediatos e ao primeiro sinal da vontade destes…formam como que um corpo de tropas auxiliares, dispostos a ir por toda a parte onde haja trabalho para salvar almas, dedicando-se preferentemente ás obras das Missões, tanto estrangeiras como nacionais, oferecendo-se para ir residir nos lugares mais pobres e mais i abandonados para os quais se encontram mais dificilmente obreiros. Quer seja necessário ser relegado para o fundo de uma zona rural ou enterrado no canto de um hospital…ensinar num seminário ou dirigir uma comunidade pobre…quer seja preciso atravessar os mares ou ir até ao fim do mundo para ganhar almas para Jesus Cristo, a sua divisa é esta. “ Eis-nos aqui, dispostos a fazer a vossa vontade. Ecce ego, mitte me”
De notar, que associada ao Espírito Santo estava sempre Nossa senhora: “ Nossos pais consagraram-se ao Espírito Santo sob a invocação de Maria concebida sem pecado e nos consagraram a eles. Não podemos pertencer a um melhor Mestre nem estar sob melhor protecção que a de Maria. Consagremo-nos portanto a um e a outra segundo o desejo dos nossos pais espirituais”
Penso que um primeiro apelo da celebração deste ano jubilar da morte do nosso fundador será reabrir o seu testamento, o testamento da sua vida, e dar um novo espaço ao Espírito Santo na difusão do seu papel na vida e na missão da Igreja e deixarmos que ele faça parte incontornável do nosso projecto de vida
O itinerário espiritual de Poullart des Places pode ser pontuado, como o faz Jean Savoie, em três etapas sucessivas: em primeiro lugar a passagem da sua carreira pessoal e mundana para se pôr á disposição de Cristo para o serviço dos pobres é o seu caminho de Damasco que teve o seu momento culminante no retiro de 1701, em segundo lugar a passagem das suas certezas humanas para as certezas de Cristo á escuta dos pobres: o seu tempo do colégio de Luís o Grande em que ele decide fazer-se sacerdote e se compromete com os doentes, os pobres e os aspirantes ao sacerdócio sem recursos – é o seu caminho das bem-aventuranças; e em terceiro lugar o tempo em que ele abre uma casa de formação para aspirantes pobres ao sacerdócio, que tanta dedicação e sofrimento lhe exigiria: : é o seu .caminho da cruz, a sua via sacra.
Nesta caminhada foi emergindo uma mística de vida que acabaria por se tornar a base da sua espiritualidade Esta mística assenta em três pilares: a docilidade ao Espírito Santo, a vida de comunidade e a mística da pobreza. È nestes pilares que temos de alicerçar a nossa identidade das origens.
Notemos desde já que estas três vertentes são um pouco as bases de uma espiritualidade que Poullart des Places descobriu ao longo da sua vida. e que por vezes se misturam e se cruzam. O Espírito Santo herdou-o como devoção e descobriu-o como docilidade; a pobreza descobriu-a como acolhimento aos pobres e acabou por a assumir como mística da sua vida; a comunidade descobriu-a como estatuto para uma vida em comum e acabou por a assumir como cenáculo de vida consagrada: foi a passagem da vida comum à comunhão de vida
Nesta abertura do Ano de Poullart des Places, vamos fazer uma visita guiada a estes pilares das nossas origens, servindo-nos de guia a revista “Missão Espiritana” consagrada ao nosso primeiro fundador, que acaba de ser editada.
1.O Espírito Santo na vida de Poullart des Places: da devoção ao Espírito Santo à docilidade ao Espírito Santo.
A origem da consagração dos Espiritanos ao Espírito Santo poderia ser procurada na data do nascimento oficial do seminário dos estudantes pobres na festa do Pentecostes de 1703. Sabemos, porém, que Poullart des Places tinha já sonhado e começado a sua obra alguns meses antes. Nada o impedia de retardar a cerimónia da inauguração até ao início do próximo ano escolar ou até a uma outra festa à sua escolha. Não é portanto a data do Pentecostes que explica a consagração ao Espírito Santo, mas é a vontade do fundador de dedicar a sua obra ao Espírito Santo que explica a escolha do dia do Pentecostes para a sua inauguração.
Para reencontrar as fontes da inspiração da devoção ao Espírito Santo, de Poullart des Places temos que nos remontar à Bretanha. das suas origens As missões e os retiros tinham sido os principais instrumentos da renovação espiritual daquela província. Ora a verdade é que esta renovação se tinha operado sob o signo da devoção aos Espírito Santo e isso graças à influência do jesuíta o P. Lallemant . Este jesuíta, o famoso orientador do terceiro ano de noviciado dos Jesuítas, é o fundador de uma escola de espiritualidade, que mais que qualquer outra, acentua a importância da docilidade ao Espírito Santo. nos caminhos da vida cristã. Ele nunca esteve na Bretanha mas os seus discípulos sim. Os seus discípulos foram os grandes pregadores dessa espiritualidade na Bretanha :nomeadamente em Rennes, Rouen, , Bourges, Saint Brieu, a sua animação espiritual cobriu toda a Bretanha. Para Lallemant os dois pólos da sua espiritualidade eram a pureza de coração e a docilidade ao Espírito Santo, sendo o primeiro apenas um meio para atingir o segundo. “ O fim a que devemos aspirar, depois de nos termos por muito tempo exercitado na pureza do coração, é estarmos de tal maneira possuídos e dirigidos pelo Espírito Santo, que seja só ele quem conduz todas as nossas forças e sentidos, e que regule todos os nossos movimentos , interiores e exteriores, e que nos abandonemos totalmente a Deus ,, por uma renúncia espiritual das nossas vontades e das próprias satisfações. Assim, não viveremos em nós, mas em Jesus Cristo, por uma correspondência fiel ao agir do seu divino espírito”.(Doutrina Espiritual. P. Lallemant)
No livro do P. Lallemant “Doutrina Espiritual” donde este texto foi extraído, há 150 páginas consagradas ao Espírito Santo, mas pode dizer-se que no decorrer da obra não há nenhum parágrafo em que o Espírito Santo não seja referido
Além de pregadores, os jesuítas apóstolos da Bretanha, eram também exímios directores espirituais. No século XVII estes padres chegaram mesmo a formar uma Associação denominada “Associação dos Padres do Espírito Santo”, uma espécie de confederação, que chegou a contar cerca de mil associados, que se dedicava especialmente à formação pastoral e espiritual dos padres. Um manual para estes padres tinha o nome de “ Instituição da Congregação dos eclesiásticos dedicada ao Espírito Santo, sob a tutela da sua esposa sagrada, a Santíssima Virgem”. Há muitas semelhanças entre este manual e os Regulamentos do seminário de Poullart des Places
Akém isso,, algumas cidades da Bretanha como Rennes, Vannes, Quimper, tinham a sua casa de retiros. A de Rennes foi fundada em 1675, pelo reitor do colégio. Um documento de 1678 informa-nos que só neste ano, nesta casa, mais de cem padres participaram em retiros especialmente organizados para o clero.
O jovem Poullart des Places deve ter sido muito marcado por esta corrente de devoção, pois na rua de S.Salvador onde decorreu a sua adolescência , uma casa, com bastantes probabilidades de ser aquela mesma casa que ele habitou com seus pais, era então vulgarmente apelidada de “Casa do Espírito Santo”
È também provável que em Rennes existisse já uma Confraria do Espírito Santo, pois em 1699 temos notícia de uma renda em seu favor e temos referências a essa confraria na capital bretã.
Estas influências que terão deixado marcas em Poullart des Palces foram depois aprofundadas durante a sua formação nos colégios jesuítas, nomeadamente pelo P. Julien Bellier, capelão do hospital de Saint Yves, que Cláudio acompanhava nestas visitas bem como visitas que em Nantes ele à casa de retiros destas cidade
Uma outra influência dos colégios, talvez mais decisiva, foi a Associação dos Amigos, que ele frequentou em Paris, no colégio de CLermont.ou Luois Le Grand. Na origem desta associação de piedade estão precisamente dois bretões, discípulos do P. Lallement: Vincent de Meur e Jean Bagot. A acta da inauguração da Associação reza assim: “Escolheu-se e determinou-se o dia do Pentecostes, 4 de Junho de 1645, onde todos juntos , estando reunidos na congregação mariana do colégio às 3 horas da tarde, cada um recitou as orações e fizeram as outras orações designadas pelas regras para a recepção dos novos membros…”
Poullart des Places conhecia bem esta acta que se repetia todos os anos no decurso da primeira assembleia, e se ele dedicou a sua obra ao Espírito Santo foi porque bebeu nas meditações e colóquios destas reuniões a sua profunda devoção à Santíssima Trindade. Estas meditações encontravam-se compiladas no manual chamado “Prática das virtudes cristãs”. O Capítulo VII é todo ele dedicado ao Espírito Santo. Dizia esse manual: “ No dia de Pentecostes e durante toda a semana, abrirei o meu coração ao Espírito Santo afim de que o encha, o possua intimamente e seja o espírito do meu espírito e o coração do meu coração. Apresentá-lo-ei afim de que ele o consuma, como vítima, nas chamas do seu amor…Na prática devo acostumar-me a considerar o Espírito Santo, habitando intimamente em mim.”.
Foi a partir destas influências que ele acabou por passar da devoção ao Espírito Santo à ductilidade Espírito Santo. Ele percebeu que o Espírito Santo queria passar das tradições e do património espiritual da Bretanha para o seu coração Então o Espírito Santo começou a entrar na sua vida. A devoção que o marcava foi apenas a porta para ele entrar. Foi um salto difícil de que ele nos dá conta nos seus escritos. Foi quando descobriu a revelação do amor de Deis por ele, que o fez ultrapassar todas as reticências No seu retiro de 1701, ele faz uma releitura da sua vida , toma consciência deste Deus que sem cessar o procura , o persegue e que não deixa em paz..”Vós me procuráveis, Senhor e eu fugia de vós” Então todas as barreiras caem e ele perde todas as suas defesas. A partir desse momento ele não tem outro desejo senão entregar-se a Deus e corresponder a esse amor..Foi o “franchir le pas” de que falava Lallemant Ele entrega-se a Deus com todos os seus defeitos, as suas luzes e as suas sombras., uma vez por todas. “”Arrependido da minha cegueira, renuncio de todo o coração a todas as coisas que me levam a fugir de vós. Agora que venho procurar-vos, estou disposto a seguir todas as ordens da Vossa Providência. Vinde ao coração em que desde há muito quereis entrar. A partir de agora só para vós terei ouvidos e não terei mais afectos senão para vos amar..”Estou decidido a seguir o caminho que me indicares”
A partir daí a docilidade ao Espírito Santo será a bússola que o vai guiar. A disponibilidade apostólica será uma das marcas de origem dos Espiritanos.. Srá no horizonte desta disponibilidade que ele conhecerá os pobres e jogará a vida pela sua causa. “O que o Espírito nos pede neste momento, pede-o para sempre. Devemos pertencer-lhe na vida e na morte…Comprometemo-nos a procurar a honra do Espírito Santo,, primeiro dentro de nós próprios por meio de um espírito de docilidade perfeita á vontade de Deus, de obediência e submissão aos impulsos da graça, por um espírito de abandono de nós próprios aos desígnios da divina Providência. È necessário deixar-se dirigir pelo Espírito Santo, seguir unicamente as suas inspirações e resistir a todas as da carne, não ter mais afectos nem intenções, que as que Ele inspira, confiar nele e rejeitar toda a inquietação. “Ele é o meu pastor, nada me falta”
Alguns anos mais tarde, quando a congregação estava já solidamente implantadas, o P. Warnet, Superior Geral confessava: .”Esta consagração que fazemos ao Espírito Santo faz parte essencialmente do espírito das nossas Constituições: as santas promessas que com ela fazemos são a herança que nos deixaram os nossos pais. Eles eram pobres dos bens da terra e queriam ser ricos só dos dons do Espírito Santo que constituíam todo o seu tesouro. Legaram-nos também um testemunho dos seus piedosos sentimentos numa fórmula de consagração que nó devemos honrar com uma veneração inteiramente religiosa porque é como que o seu testamento espiritual…Consagraram-se ao Espírito Santo sob a invocação de Maria concebida sem pecado e nos ofereceram a eles. . Não podemos pertencer a melhor Mestre , sob uma melhor salvaguarda como a de Maria . Consagremo-nos, portanto a um e a outra segundo a intenção dos nossos pai”
E o P. Besnard, na sua biografia de S.Luis Maria Grignion de Monfort, diz dos primeiros espiritanos: “Sabe-se a que se destinam os jovens eclesiásticos que se reúnem no Seminário do Espírito Santo. Formados para todas as funções do sagrado ministério e em todas as virtudes sacerdotais…possuem em guru elevado, o espírito de desprendimento, de zelo e de obediência. Dedicam-se ao serviço das necessidades da Igreja, sem outro desejo que não seja o de servir e de lhe ser útil. Vemo-los nas mãos dos superiores imediatos e ao primeiro sinal da vontade destes…formam como que um corpo de tropas auxiliares, dispostos a ir por toda a parte onde haja trabalho para salvar almas, dedicando-se preferentemente ás obras das Missões, tanto estrangeiras como nacionais, oferecendo-se para ir residir nos lugares mais pobres e mais i abandonados para os quais se encontram mais dificilmente obreiros. Quer seja necessário ser relegado para o fundo de uma zona rural ou enterrado no canto de um hospital…ensinar num seminário ou dirigir uma comunidade pobre…quer seja preciso atravessar os mares ou ir até ao fim do mundo para ganhar almas para Jesus Cristo, a sua divisa é esta. “ Eis-nos aqui, dispostos a fazer a vossa vontade. Ecce ego, mitte me”
De notar, que associada ao Espírito Santo estava sempre Nossa senhora: “ Nossos pais consagraram-se ao Espírito Santo sob a invocação de Maria concebida sem pecado e nos consagraram a eles. Não podemos pertencer a um melhor Mestre nem estar sob melhor protecção que a de Maria. Consagremo-nos portanto a um e a outra segundo o desejo dos nossos pais espirituais”
Penso que um primeiro apelo da celebração deste ano jubilar da morte do nosso fundador será reabrir o seu testamento, o testamento da sua vida, e dar um novo espaço ao Espírito Santo na difusão do seu papel na vida e na missão da Igreja e deixarmos que ele faça parte incontornável do nosso projecto de vida
Gostaria de saber se não há missionários leigos do Espírito santo.Se não tiver ainda,penso que seja necessário.
ResponderEliminarapolinariodacunha@hotmail.com
Que o Espírito Santo vos guarde.