31/12/2009

Ano Novo com Poullart des Places


Alegres Continuadores da missão de Claudio P.Places!

Homilia do Miguel Ribeiro:29-12-2009


Evangelho da Apresentação do Senhor:


Aqui há uns anos, o Padre Veríssimo Teles começava uma homilia na solenidade da Imaculada Conceição onde explicava o modo de preparar o que ia dizer nestas ocasiões. Dizia ele que se perguntava qual a razão de a Igreja ter escolhido aqueles textos para aquela festa. Ora, a passagem do Evangelho que acabamos de escutar é a mesma da Festa da Apresentação do Senhor, festa esta que a Igreja escolheu para celebrar o dia dos consagrados, e em que, numa feliz coincidência, ocorre o aniversário da morte de Libermann. Quer dizer que esta Palavra tem muito a ver connosco que vivemos uma consagração pública, mas também com tantos leigos que de maneira privada se entregam totalmente ao serviço da Missão da Igreja.
Maria e José dirigem-se ao Templo para a purificação e levam o Menino para o apresentar ao Senhor. A purificação apenas era obrigatória para a mãe e não era necessário levar a criança. O primogénito varão devia ser resgatado, mas o resgate nem está ligado ao Templo. Quer dizer que o importante na história que Lucas conta não é a purificação de Maria, mas a consagração de Jesus. O Evangelista sabe que o Menino pertence a Deus, e como relatam os sinópticos, deve-se dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
No átrio do Templo (porque era leigo), está Simeão, que podemos ver como um “homem de Deus”. Cumpre os mandamentos, espera a consolação de Israel. É justo e está “à escuta”. Se vivesse hoje, com toda a certeza seria espiritano! “O Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito.” Com tanta docilidade ao Espírito Santo, não admira que reconhecesse Jesus tão rapidamente, e logo o acolheu em seus braços. Como Maria e José, Simeão faz parte do resto de Israel, os pobres de YHWH que tudo esperam do Seu Deus, que esperam Deus! Também eles são Sua pertença!
Ao meditar este texto, lembro-me de muitos confrades que conheci e com quem vivi. Não desfazendo em quem tenho diante de mim, deixem-me falar pela enésima vez do Padre Arnaldo Rocha e do Padre Manuel Viana. Quem com eles viveu, já sabe como vive um “homem de Deus”. Não tenho dúvidas que um e outro viviam constantemente à escuta da Palavra de Deus, moviam-se (e ainda se move o P.Viana) ao sopro do Espírito, e mesmo quando não compreendiam nada diante dos horrores da guerra (e isso aconteceu muitas vezes), souberam ser ícones da “espera de Deus”.
Se hoje estou aqui não é por os ter conhecido. É porque Deus escolheu assim e encontrou alguma disponibilidade da minha parte. Mas sabemos que Deus não dispensa as mediações, e, coisas boas como a docilidade ao Espírito, também se aprendem! Tal como se aprende a ser “homem de Deus” à maneira de Poullart des Places e Libermann com todos os que um dia decidiram acolher nos braços e no coração o Cristo que os convidava a entrar nesta aventura espiritana.
O mundo que Deus veio salvar por meio de Jesus precisa de ter em nós homens e mulheres de Deus. Só reunidos ao Seu redor, sentados à Sua mesa é que poderemos crescer nesta pertença que Deus deseja e de que o mundo precisa.
Saibamos transformar-nos naquilo que iremos receber, o Corpo de Cristo, que tanta gente espera ansiosamente nos átrios dos nossos templos.

*No dia 8 de Dezembro, o Miguel Ribeiro foi ordenado Diácono na Sé do Porto
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14/12/2009

"Preparai os Caminhos do senhor..." É Natal!!



Boas Festas***

Meditação de Cláudio:

“Tenho de me lembrar que estou sempre na Vossa presença, esteja eu onde estiver; que Vós me vedes e que nunca posso ofender-vos sem Vos testemunhar a minha infidelidade. Uma vez adquirido o hábito de nunca esquecer que Vós estais em todo o lugar, nos meus pensamentos, nas minhas palavras, no meu coração, no meu quarto, na rua ou em qualquer outro lugar, estarei sempre cheio de respeito e de submissão. Antes de pensar, falar ou agir devo consultar-Vos.Com o meu coração e o meu espírito cheio de Vós, meu Deus, permaneço sempre na Vossa presença”.

Continuemos descobrindo os Caminhos do Senhor e peçamos a graça de saber onde colocar os pés a fim de nunca nos afastarmos do Caminho por Ele traçado.

Um Santo e Feliz Natal e um Ano Novo cheio de gestos de fraternidade e comunhão.

07/12/2009

Comunidade Poullart des Places


Comunidade Poullart des Places:

A casa para o Segundo ciclo de Teologia da SCAF ( Africa do Sul, Zambia, Malawi, Zimbabwe e Moçambique) recebeu um novo nome a 2 de Outubro 2009. O P. John Luis Dimba, superior da SCAF reunido com a comunidade decidiram substituir o nome genérico de "comunidade espiritana" pelo nome de Comunidade Poullart des Places. Diferentes razões foram apresentadas para a escolha deste nome, mas certamente que a celebração em curso do ano de Poullart des Places foi um dos motivos principais. O P. Bill Cleary, reitor da comunidade Poullart des Places, diz que o nome evoca uma memória, dá uma identidade e expressa um desejo. Segue o texto, apresentado na "Newsletter" da comunidade, em que ele desenvolve esta ideia:

Memória
A vida era dificil para o nosso primeiro fundador, Claudio Poullart des Places. Fundar o Seminário do Espírito Santo em Paris em 1703 e mantê-lo a partir dos seus bens e de todo e qualquer apoio que conseguisse de outros, foi para ele um trabalho gigantesco. Quando ele morreu em 1709 os seminaristas já eram 72 e a comunidade já estava localizada na terceira casa na rua nova Sta Genevieve.
A casa de Teologia da SCAF em Harare está agora localizada na terceira casa. A primeira foi com os Franciscanos. Depois mudamo-nos para a Casa Silveira, centro de formação dos Jesuitas. Foi a 8 de Janeiro de 2009 que a nossa casa espiritana estava parcialmente pronta e preparada para ser ocupada. Assim como a primeira comunidade espiritana em Paris caminhava para ir às aulas ao Seminário Maior Jesuita Luis o Grande, também nós vamos às aulas ao Colégio da Santissima Trindade em Harare, com colegas franciscanos, carmelitas e redentoristas.
Foram muitas as provações pelas quais passamos para assegurar a propriedade e a construção da casa. Em Dezembro 2005 comprou-se o terreno aos redentoristas. Fez-se uma vedação de 684 metros. Foi aberto um poço para água potável. A licença para construção foi obtida em Outubro 2006 e iniciou-se o trabalho das fundações.
O clima económico de mudança do Zimbabwe afectou enormemente a construção da casa. A crise económica e o cambio oficial que mudava cada dia, fizeram com que o trabalho das fundações da casa esgotasse todos o dinheiro disponivel para a obra. O trabalho parou por um ano enquanto se procurou arranjar mais fundos e então decidiu-se continuar a contrução por administração directa. Os trabalhos recomeçaram em Janeiro de 2008. Trabalhadores e materiais eram fáceis de encontrar nessa altura. Mas à medida que o trabalho avança e a moeda local colapsa, foi necessário usar moeda estrangeira para comprar materiais e pagar aos trabalhadores. Os preços aumentaram e os materiais eram escassos. Mas como a renda a pagar na Casa Silveira era grande, continuou-se a construção e preparou-se um bloco para que uma parte fosse habitada, acomodando os 12 estudantes e os dois formadores. O fim do segundo bloco continuou mais tarde e preve-se que esteja pronto no inicio de 2010.

Identidade
Poullart des Places e seus companheiros encontraram grandes dificuldades devido à pobre situação financeira. Educados na pobreza estavam bem preparados para a missão junto dos mais pobres e abandonados. Podemos imaginar Poullart des Places juntando mobilia proveniente de benfeitores para a nova casa. Um dos estudantes da sua primeira comunidade, Pierre Thomas deixou este testemunho a propósito de Poullart des Places: Muitas vezes o viram carregando para casa o que comprara, não só para poupar algo em beneficio dos seus estudantes mas também para se humilhar. (…) As suas palavras e sobretudo os seus exemplos fizeram com que os seus estudantes ultrapassassem a timidez natural dos jovens. Tornaram-se envergonhados somente das ofensas contra Deus e da cobardia… Por exemplo, cada um cuidava de varrer a rua, acartar água, transportar tábuas etc. … "

Os estudantes da Comunidade Poullart des Places da SCAF podem identificar-se com este exemplo do nosso fundador. Quando mudamos para a nova casa havia pouco dinheiro para mobilias. Cadeiras, mesas e camas foram emprestadas de outras comunidades religiosas. Amigos de SCAF enviaram panelas, tachos, pratos, talheres e copos e mais isntrumentos para a cozinha. As Irmãs de Nazareth generosamente providenciaram os lençóis e fronhas para as nossas camas. O transporte para as aulas é um Não sendo capazes de ter veículos de confiança, nem meio de garantir uma boa manutenção, somos afectados com frequentes avarias. Os nossos vizinhos redentoristas e franciscanos tem-nos assistido dando-nos boleia quando isso acontece. Transformar a pobre terra areenta do nosso quintal em terra fértil para cultivo de legumes e frutos é mais um grande desafio quando os nossos fundos são tão limitados.
Poullart des Places e os seus companheiros eram conhecidos como Padres Pobres na paróquia de S Etienne du Mont em Paris. Os espiritanos da comunidade Poullart des Places também são conhecidos como padres pobres na nossa vizinhança de Tafara e Chishawasha.

Desejo
Uma das condições para entrar no Seminário do Espírito Santo era que o estudante não tivesse meios de pagar a sua formação sacerdotal. Os pobres foram acolhidos por Poullart des Places para que fossem padres zelosos que conheciam a pobreza e podiam ser pobres no meio dos pobres. O sonho de Poullart des Places era que o amor de Cristo fosse conhecido por aqueles para quem a Igreja estava longe. Ele procurou cruzar essa barreira entre a Igreja e os pobres. Nos 300 anos de história da Congregação que ele fundou podemos ver como este sonho se foi realizando em muitas partes do mundo.
A formação na Comunidade Poullart des Places continua nesta tradição. Passamos por muitas dificuldades, suportamos muitos sofrimentos e isto capacita-nos para sermos solidários com grande número das pobres gentes de Zimbabwe. Alguns poderão pensar que devido ás grandes dificuldades politicas e económicas que atravessa este país, seria preferível ter outro local para este trabalho de formação. Mas onde se poderia preparar melhor para o serviço dos mais pobres e abandonados? A divisa do Seminário do Espírito Santo era esta: "Preparados para fazer a tua vontade. Eis-me aqui, envia-me." Este pode ser também a nossa divisa.

É nosso desejo que os jovens confrades que passaram os seus primeiros anos de vida religiosa nesta casa, encontrarão inspiração no exemplo do nosso fundador Poullart des Places e daqueles primerios "espiritanos" para que vivam em plenitude nAquele que dá a vida em abundância (Jo 10,10). Possam ser bons missionários levando a Boa Nova de Jesus Cristo onde forem enviados.
Poullart des Places, patrono da nossa casa, rogai por nós.
Bill Cleary CSSp



Não deixe de visionar e divulgar a versão portuguesa do filme "Poullart des Places, 300 anos depois".
2 1/2 minutos com Poullart des Places e música do P. Lucien Deiss, CSSp :

http://www.youtube.com/user/pficssp#p/a/u/2/Tcw7It7S7sU http://www.youtube.com/user/pficssp#p/a/u/0/qYvgl6WbsDc

27/11/2009

Pensamentos de Cláudio P.Places

Critério espiritual de eleição:

Desprender-se do modo de ver humano para seguir o de Deus e o caminho indicado por Ele.


13
. “Espero, meu Deus, que faleis ao meu coração e, por vossa misericórdia, me tireis das inquietações embaraçosas que me causa a minha indecisão. Sinto que não aprovais a vida que levo, que me tendes destinado a algo melhor... Prometo-vos, meu Deus, não fazer nenhuma diligência mais, sem perguntar-me a mim próprio se é por vossa glória que eu actuo. Em qualquer estado em que esteja, quero ter estas precauções nos meus pensamentos, nas minhas palavras e nas minhas acções. Onde estejam os vossos interesses eu ficarei, mas onde encontrar só os do mundo, fugirei como diante de uma serpente.” (Ibd., pp. 40-41).

14. “Se tenho, meu Deus, a felicidade de encontrar o estado no qual a vossa Divina Providência quer que a sirva... desprendo-me de todas as considerações humanas que tenho feito até agora, em todas as escolhas de estado de vida em que tenho pensado. Sei que tenho que deixar todas as minhas indecisões para tomar uma definitiva, mas não sei qual me convém e receio enganar-me... Tendes, Senhor, que conduzir meus passos, pois estou decidido a seguir o caminho que me indicares! Consegui uma indiferença muito grande a respeito de todos os estados... Falai, meu Deus, ao meu coração, estou disposto a obedecer-Vos.” (Ibd., p. 41).

Não deixe de visionar e divulgar a versão portuguesa do filme "Poullart des Places, 300 anos depois".
2 1/2 minutos com Poullart des Places e música do P. Lucien Deiss, CSSp :


http://www.youtube.com/user/pficssp#p/a/u/2/Tcw7It7S7sU http://www.youtube.com/user/pficssp#p/a/u/0/qYvgl6WbsDc

20/11/2009

PENSAMENTOS DE CLAUDIO P.PLACES

Modelo de discernimento e disponibilidade
Pureza de intenção
: conhecer e realizar os desígnios de Deus.

11. “Senhor, tenho tudo a temer no estado em que estou. Não estou naquele que Vós quereis para mim... É necessário que siga o caminho que me destinais. É a primeira coisa em que devo pensar. Serei feliz se não me enganar na escolha; vou tomar todas as precauções mais santas para descobrir a vossa santa vontade. Vou declarar ao meu director todas as minhas inclinações e repugnâncias a respeito de cada género de vida para examinar com a máxima atenção o que me pode ser conveniente. Não esquecerei nada do que julgar necessário para consultar a vossa Providência. Que a vossa graça, divino Mestre, me esclareça em todas as minhas diligências e eu a possa merecer pelo meu apego perpétuo e inviolável a tudo o que Vos possa agradar.” (Ibd., p.36).

Renúncia à inclinação e vontade próprias e abandono à Providência .
12. “Meu Deus, Vós que conduzis à Jerusalém celeste os homens que se confiam verdadeiramente a Vós, recorro à vossa Divina Providência, abandono-me inteiramente a ela, renuncio à minha inclinação e aos meus apetites, à minha própria vontade, para seguir cegamente a vossa. Dignai-vos dar-me a conhecer o que quereis que eu faça a fim de que, realizando aqui em baixo o género de vida que me tendes destinado, eu possa servir-vos durante a minha peregrinação, num estado em que vos agrade e Vós derrameis abundantemente sobre mim as graças que necessito para dar sempre à vossa Divina Majestade a glória que lhe é devida.” (Ibd., p. 40).


Não deixe de visionar e divulgar a versão portuguesa do filme "Poullart des Places, 300 anos depois".

http://www.youtube.com/user/pficssp#p/a/u/2/Tcw7It7S7sU

11/11/2009

Pensamentos de Cláudio P.Places

9. “Se cumpro estas boas resoluções, só à vossa graça deverei a minha piedade. E como recompensarei tão grande favor? Tenho algo muito precioso que me fará feliz oferecervo-lo todos os dias: será, meu Deus, o sacrifício da Missa que tem um mérito infinito junto da vossa Majestade Divina... Com que veneração e recolhimento não assistirei eu à celebração de tão grande sacrifício! Ao oferecer-vos esta vítima sem mancha, vos obrigarei, meu Deus, a conceder-me todas as graças que necessito para tornar-me um verdadeiro santo e não transgredir a vossa lei que me obriga não somente a fugir do mal mas também a fazer o bem. (Ibd. 34).

10. “Conservai-me, meu Deus, tão santas resoluções. Terei inimigos a combater... Defendei-me, Senhor, contra estes tentadores e, posto que o mais implacável é a ambição, a minha paixão dominante, humilhai-me, rebaixai o meu orgulho, confundi a minha glória. Que encontre por toda a parte mortificações, que os homens me rejeitem e me desprezem: consinto-o, meu Deus, com tanto que me ameis muito e me queirais. Me causará pena sofrer e apagar esta vaidade de que estou tão cheio. Mas, o que não deve um homem fazer por Vós que sois Deus, que derramastes o vosso Precioso Sangue por mim?” (Ibd. p. 35).

Não deixe de visionar e divulgar a versão portuguesa do filme "Poullart des Places, 300 anos depois".

http://www.youtube.com/user/pficssp#p/a/u/2/Tcw7It7S7sU

27/10/2009

Encontro Nacional JSF

Poullart des Places abre caminho à Missão...
O Espírito Santo e a região Minho encaminharam-nos para esta terra de Lomar. Espaço de partilha, crescimento, oração e de projecção para o novo ano e o que nós queremos ser como JSF. Jovens que ousam como Poullart des Places olhar diferente, abrir caminho na Missão.
E é complexo este caminho de confiança: “Estou decidido (e sabemos o quão dificil é tomar decisões e ser firme nestas) a seguir o caminho que me indicares”. Humildade, assertividade, responsabilidade, dons que são essenciais, simples, mas exigentes de despojamento. Confiantes no Espírito Santo e na protecção de Nossa Senhora ousamos o questionamento, que queremos marcar com um caminho decidido por uma meta diferente.
OUSEMOS SER CORAÇÃO PERFUNDIDO DE AMOR EM DEUS!
Eucaristia de Encerramento do Enc.JSF 2009

21/10/2009

Cláudio P.Places

Conferência proferida pelo P.Tiago Barbosa:

Este breve percurso que faremos nos ajudará a ver que Cláudio Poullart des Places, fundador do Seminário do Espírito Santo, no ano 1703, não se tornou fundador através de uma revelação súbita ou por qualquer estratégia pré-concebida. Ele tornou-se através de um longo trabalho de abertura à graça do seu chamamento, não somente no momento da sua conversão, mas em especial no dia a dia, na sua disponibilidade à vontade de Deus.
Vejamos ...
“Estou decidido a seguir o caminho que me indicares”.
a) “estou decidido a seguir o caminho”
(O dom da Liberdade) Cláudio descobre a vontade de Deus tanto na escuta e na oração, sendo esta a sua experiência espiritual, como no encontro com os mais pobres e no compromisso ao lado destes, sendo esta a sua missão.
Celebrar Cláudio PP nos conduz, então, a caminhar, ou peregrinar nesta direcção. Nesta peregrinação da missão, o bordão e o cantil são a escuta e a oração; o manto e a mochila, o encontro e o compromisso com os mais pobres.
Vejamos isto neste breve itinerário com Cláudio...
- dos sonhos dos pais ao sonho com os pobres...
Todas as influencias recebidas no seu tempo de estudante marcaram profundamente o jovem Cláudio. Ele descobre a sorte dos pobres e experimenta a alegria de servir. Com ele dirá de si mesmo: amando bastante fazer caridade e compadecendo -se naturalmente da miséria dos outros. Os seus horizontes se alargam e uma brecha se abre no projecto dos pais. Ele sente novas aspirações, atraído por uma vida entregue a Deus e aos outros, pelo desejo de ser padre. Em contacto com o Evangelho, ele gradualmente desperta para sua própria liberdade.
No entanto, a escolha é difícil. Ao regresso de Nantes, ele ficou meses sem tomar uma decisão. Aquela voz dentro dele era muito fraca contra as expectativas de seus pais ou de seus próprios sonhos de grandeza e sucesso. Ele também experimentou a sua fraqueza, sua inconsistência em sua resposta, por vezes, cheio de entusiasmo, em outros momentos "mole, preguiçoso, morno”, em suas próprias palavras. Um futuro brilhante é lhe oferecido, ele continua rasgado, impossibilitados de se unificar a sua vida em torno de um projecto.
b) A graça da conversão (Discernimento e Oração) No ano de 1701, há um retiro importante. A experiência de Deus marca um ponto de viragem na sua vida.
A conversão não acontece numa simples continuidade, há uma ruptura, uma novidade: a graça especial de este momento, onde Deus prevalece nele.
Ele estava em um impasse, mas esta experiência liberta-o do projecto que seus pais tinham para ele, mas também de si mesmo, da sua ambição e da sua inconstância. É o peregrinar com verdadeiro desejo, e uma nova força libertadora.
c) O Compromisso com os pobres...
- em êxodo com os pobres e para os pobres.
Dizem que a autenticidade de uma experiência espiritual se verifica pelos frutos que ela provoca ou suscita. A de Cláudio leva-o ao encontro dos pobres. Aos limpachaminés, lhes ensinará o catecismo, ajudar-los-á materialmente... Há aqui um caminhar, um peregrinar... da ajuda supérflua, passa a viver com eles, a partilhar a mesma sorte e condições...
Etapas: 1. Serviço caritativo e ensino do catecismo; 2. Descoberta da enorme riqueza dos pobres: recusa para isto o projecto com Grignon por que sabe que Deus o chama...
Então, a celebração de este ano “Poullart des Places” nos leva a caminhar nestas duas direcções... Os desafios do nosso tempo e o peso das dificuldades não são fatalidades, nem tristes e lamentáveis fados. Como para Cláudio, do outro lado das dificuldades, do escuro do caminho, das adversidades e infidelidades, Cristo e o seu Evangelho estão sempre lá para libertar e guiar-nos. Um novo dinamismo da missão pode nascer das conversões e da nossa disponibilidade renovada aos apelos do Espírito hoje. É assim que se constituirá a nossa unidade, porque é esta experiência do Espírito, este carisma que é o cimento que nos reúne.
02/10/09 Fraião-Braga:
P.Tiago... Cssp

16/10/2009

18 de outubro - 83º Dia Missionário Mundial


«As nações caminharão à sua luz»(Ap 21,24)

No dia mundial missionário, em que a Igreja reaviva o ser missionário de cada cristão e de toda e qualquer comunidade cristã, escutamos o exemplo que nos vem de Cláudio pela inteira disponibilidade e entrega à causa missionária. Hoje, 300 anos depois da sua morte, o seu exemplo continua vivo e activo em tantos missionários e comunidades cristãs espalhados pelos 60 paises onde os Missionários Espiritanos estão presentes. Na linha da mensagem do Papa para este dia mundial missionário também eles se comprometem em levar a Luz às nações para "contagiar" de esperança os povos, sobretudo os mais pequenos e abandonados.


Pensamento de C.P.Places "De todos os bens temporais não pretendia reservar-me mais que a saúde que desejava sacrificar inteiramente a Deus no trabalho das Missões, sumamente feliz se, depois de ter abrasado toda a gente no amor de Deus, pudesse dar até à última gota o meu sangue por Aquele cujos benefícios eu tinha quase sempre presentes.”

N:Continuemos a rezar pela sua beatificação e comuniquem alguma graça ou dom.

10/10/2009

Os três pilares de espiritualidade de P.Places...Cont.

3. A vida de comunidade: da observância regulamentar à mística de um cenáculo de vida consagrada ou seja: da vida comum à comunhão de vida:

Depois de 18 meses de experiência feliz de vida em comum, Poulalrt des Places encontra as primeiras dificuldades. sérias. Foi a crise de 1704. Sente-se só para um projecto que cresce e o ultrapassa. È trabalho demais para ele. E esse trabalho absorvente esvazia-o por dentro: perde a alegria de rezar e de rezar com os outros ”Eu deixei o mundo para procurar a Deus , para renunciar á vaidade e para salvar a minha alma e sinto-me tão longe dessa entrega”! Foi uma crise seguida de um retiro em que lança a sua obra com novas bases Para continuar a formação dos seminaristas pobres era necessária uma organização mais forte que a que ele tinha improvisado. Na “casa de Caridade” da rua des Cordiers ele estava só no meio de jovens cujo número aumentava continuamente. Este ministério exigia, para prosseguir solidamente, estruturas, homens, lugares, regulamentos, enfim uma organização mais sólida. . O seu esforço agora é de providenciar a tudo deixando de ser ele o único ponto de referência Sem pensar nele, mas apenas em Deus. Ele compreende que a solução está na constituição de uma equipa de formadores : Assim nascerá a comunidade dos Messieurs du Saint Esprit: a comunidade improvisada vai tornar-se uma comunidade estruturada, em tudo semelhante a uma comunidade religiosa. È preciso preparar para as Ordens, a começar por ele.. Ele vai pedir o diaconado e o sacerdócio logo que isso seja possível.
Entretanto cria para já uma rede de colaboradores : pede a três para colaborarem com ele:: Jacques Yacinte Garnier ( que será o seu sucessor), Jean Le Roy e MIchel Vincent Le Barbier, que será o primeiro padre espiritano. Toma também o”pobre P. Carris”, como membro da comunidade que será o ecónomo, durante muitos anos e que permanecerá na congregação como a memória viva da pobreza espiritana.. A este grupo juntaram-se alguns leigos: o alfaiate, o cozinheiro, o porteiro. Foi esta equipa de formadores que se tornará a primeira célula da Congregação do Espírito Santo. Era uma comunidade ao serviço da formação dos estudantes pobres para o ministério das paróquias rurais e dos lugares para os quais dificilmente se encontravam obreiros. Esta é a comunidade das origens que só viria a ser reconhecida oficialmente com o P. Bouic, pois o decreto de 1666 proibia a fundação de comunidades religiosas sem cartas patentes do Governo
Para levar a cabo este projecto era necessária uma casa maior que a casa do Gros Chapelet. Poullart des Palces lançou-se à procura de uma casa mais funcional e encontrou-a ali perto na Rua Nova de Saint Etienne, a dez minutos do colégio de Luís o Grande, com mais espaço e um belo jardim. Ali se instalou com 50 jovens nos princípios de Outubro 1705 e aí permanecerá até 1709, data em que a comunidade se deslocará para a Rua des Postes, hoje Rua Lhomond. ´Para esta nova comunidade, já mais consistente, era preciso criar estruturas de governo, normas que regulassem a vida comum e que seriam codificados nos chamados “Regulamentos Gerais e Particulares”,, adaptadas às novas condições de vida da comunidade. Foi o próprio Cláudio que redigiu estes Regulamentos, de que temos o manuscrita com sucessivas correcções
Quando lemos os 263 artigos dos ”Regulamentos Gerais e Particulares” que Poullart des Places nos deixou, ficamos com a impressão de termos diante de nós um código de observância mais jurídica e formal que inspiradora e carismática. Efectivamente temos normas para os objectivos da comunidade, a admissão dos candidatos, , a vida dos estudantes. os deveres e as obrigações dos estudantes, os programas escolares, as cerimónias litúrgicas e a catequese, as refeições, os recreios, os comportamentos, o silêncio, a modéstia e a obediência, os professores ou explicadores, os cargos: regulamentário, bibliotecário, sacristão, leitor, ecónomo, despenseiro, encarregado das luzes, roupeiro, enfermeiro, encarregado da limpeza, chefe de canto, refeitoreiro, serventes de mesa, lavadores da louça, porteiro, alfaiate, cozinheiro, encarregado dos quartos de banho e por aí adiante. Todos nos lembramos do nosso tempo de seminário ou postulantado onde todos estes cargos tinham toda a expressão.. Por vezes os Regulamentos entram em demasiados detalhes, o que se deve ao facto de os alunos, vindos do meio rural, chegarem aos Seminário sem as normas mais comuns de delicadeza e de convívio fraterno.
No entanto, o mais curioso é que se todos estes Regulamentos se desdobram em pormenores e prescrições não é tanto por causa dessas observâncias como para fazerem da comunidade uma escola de serviços mútuos, de fraternidade e comunhão , onde reinasse um só coração e uma só alma.. Todos estes serviços estão voltados para a fraternidade e comunhão fraterna. Não é por acaso que a divisa “Um só coração e uma só alma” se tornou a credencial dos Espiritanos. Na verdade a comunidade de Poulalrt des Pllaces era mais um espírito que uma estrutura. .A comunidade viveu sem existência legal mais de trinta anos, sem se saber bem se era um seminário ou uma comunidade religiosa. Servia para um e outra. E quando em 1734, com Bouic, ela assumiu uma estrutura legal, esta consistia apenas num corpo de directores requeridos pela lei civil, para que pudesse ter personalidades jurídica. Os directores não faziam votos de religião, mas apenas um contrato. em que se comprometiam a observar os estatutos, de resto muito simples. . Como diz Henri Koren, o vigor desta comunidade não provinha da sua organização mas do seu carisma. O que eles tinham em comum era a concepção do sacerdócio. Ser padre para eles significava uma disponibilidade evangélica a toda a prova, na docilidade ao Espírito Santo para o serviço dos mais pobres e abandonados, acompanhada de uma mística de pobreza. Para eles viver a concepção do sacerdócio bastava para assumirem a vida religiosa na sua radicalidade e os seus compromissos apostólicos não precisavam de qualquer promessa. O que os motivava não era o quadro legal, mas a fidelidade ao Espírito Santo.
A comunidade de Poullart des Places era antes de mais nada uma comunidade de serviços e relações fraternas. Conhecemos em pormenor a rede de serviços que os membros partilhavam uns com os outros. Os Regulamentos falam de 18 cargos ou serviços fraternos. Todas as funções eram exercidas pelos membros da comunidade, tanto os que exigiam especialização. como o cozinheiro, o ecónomo, o alfaiate. como aqueles que se podiam improvisar, como o refeitoreiro, o encarregado da limpeza, .o das lâmpadas e portas, o sacristão, o bibliotecário, o regulamentário, etc. O serviço fraterno é uma das expressões mais significativas da comunhão fraterna. As responsabilidades inclusive as responsabilidades da direcção eram fraternalmente distribuídas.
Era Comunidade que hoje chamaríamos mista ou de missão partilhada Efectivamente dela faziam parte padres , clérigos e leigos, onde o cozinheiro e o alfaiate, leigos faziam parte integrante da comunidade. Os doentes gozavam de uma atenção especial e a norma é que “deviam ser servidos como se fossem o próprio Cristo”
Mas era também uma comunidade de fé e oração. A consagração ao Espírito Santo que caracterizava a comunidade era recordada ao longo do dia pela invocação do Espírito Santo antes de qualquer actividade escolar. Todos os dias se rezava o Ofício do Espírito Santo A. A docilidade a esse espírito era a sua marca de origem.
Comunidade que amava ternamente Maria , concebida sem pecado, ainda antes da proclamação do Dogma da Imaculada Conceição, sob cuja tutela todos os membros eram consagrados ao Espírito Santo.”Sempre que sairmos de casa para algum lado, reunir-nos-emos todos na capela para nos encomendarmos à Santíssima Virgem””Os estudantes terão também uma singular devoção à Santíssima Virgem, sob cuja protecção foram consagrados ao Espírito Santo”
Comunidade de vivência eucarística e liturgia esmerada que ritmava todos os dias da vida dos estudantes. A devoção à Santíssimo Eucaristia prolongava-se pelas frequentes visitas ao Santíssimo durante o dia .“Eu passava tempos consideráveis diante do Santíssimo Sacramento: nisso consistiam aos meus melhores e mais frequentes entretenimentos”.””Experimentava visivelmente ( as bênçãos de Deus) na santa ansiedade que sentia ao aproximar-me do Santíssimo Sacramento do altar”
Comunidade de formação escolar de qualidade. O concílio de Trento tinha criado os seminários para a formação dos aspirantes ao sacerdócio. E programa que propõe para essa formação era exigente. Poullart des Places insere o programa académico dos estudantes na fidelidade a essa exigência. Os estudos incluíam três anos de Filosofia, compreendendo as ciências novas, a Matemática e a nova Física de Newton,, depois cinco anos de estudos teológicos e finalmente, se necessário um mestrado de dois anos em Direito Canónico e Sagrada Escritura. A pastoral dos mais pobres e abandonados merecia todo o esmero desta preparação de nível universitário. Nem hoje os programas de formação dos seminaristas são mais exigentes.
Comunidade apostólica. Desta comunidade nasceu a geração de ouro dos Espiritanos, que foi sem dúvida a dos missionários da América do Norte, no tempo das lutas entre a França e a Inglaterra pela posse destas colónias.

Humanamente falando, o seminário devia desaparecer com o seu fundador. O seu principal colaborador foi nomeado bispo e um outro vai sê-lo pouco depois. O seu sucessor morreu poucos meses depois de assumir o cargo. Apesar disso,, nós vemos o seminário progredir e crescer . Ele terá mesmo um longo período de estabilidade e de consolidação com o P. Bouic, que será o seu superior durante 40 anos, conseguindo dar-lhe uma estrutura jurídica e fazer aprovar as primeiras Constituições Ao P. Carris, não lhe será permitido passar para os Monfortinos e seria o suporte económico do Instituto durante todos esses anos..
Penso que o grande apelo deste ano jubilar é o de recuperarmos a inspiração e o espírito do fundador: a docilidade ao Espírito Santo, a mística da pobreza apostólica e uma comunhão de vida tão aberta ao Espírito que rompa os espaços da nossa tenda e nos abra para os novos modelos de vida comunitária ao serviço da missão.

P. Torres Neiva

05/10/2009

Os três pilares de espiritualidade de P.Places



Conferência proferida pelo P. Adelio Torres Neiva na celebração do tricentenário na Torre d Aguilha

O itinerário espiritual de Poullart des Places pode ser pontuado, como o faz Jean Savoie, em três etapas sucessivas: em primeiro lugar a passagem da sua carreira pessoal e mundana para se pôr á disposição de Cristo para o serviço dos pobres é o seu caminho de Damasco que teve o seu momento culminante no retiro de 1701, em segundo lugar a passagem das suas certezas humanas para as certezas de Cristo á escuta dos pobres: o seu tempo do colégio de Luís o Grande em que ele decide fazer-se sacerdote e se compromete com os doentes, os pobres e os aspirantes ao sacerdócio sem recursos – é o seu caminho das bem-aventuranças; e em terceiro lugar o tempo em que ele abre uma casa de formação para aspirantes pobres ao sacerdócio, que tanta dedicação e sofrimento lhe exigiria: : é o seu .caminho da cruz, a sua via sacra.
Nesta caminhada foi emergindo uma mística de vida que acabaria por se tornar a base da sua espiritualidade Esta mística assenta em três pilares: a docilidade ao Espírito Santo, a vida de comunidade e a mística da pobreza. È nestes pilares que temos de alicerçar a nossa identidade das origens.
Notemos desde já que estas três vertentes são um pouco as bases de uma espiritualidade que Poullart des Places descobriu ao longo da sua vida. e que por vezes se misturam e se cruzam. O Espírito Santo herdou-o como devoção e descobriu-o como docilidade; a pobreza descobriu-a como acolhimento aos pobres e acabou por a assumir como mística da sua vida; a comunidade descobriu-a como estatuto para uma vida em comum e acabou por a assumir como cenáculo de vida consagrada: foi a passagem da vida comum à comunhão de vida
Nesta abertura do Ano de Poullart des Places, vamos fazer uma visita guiada a estes pilares das nossas origens, servindo-nos de guia a revista “Missão Espiritana” consagrada ao nosso primeiro fundador, que acaba de ser editada.

1.O Espírito Santo na vida de Poullart des Places: da devoção ao Espírito Santo à docilidade ao Espírito Santo.

A origem da consagração dos Espiritanos ao Espírito Santo poderia ser procurada na data do nascimento oficial do seminário dos estudantes pobres na festa do Pentecostes de 1703. Sabemos, porém, que Poullart des Places tinha já sonhado e começado a sua obra alguns meses antes. Nada o impedia de retardar a cerimónia da inauguração até ao início do próximo ano escolar ou até a uma outra festa à sua escolha. Não é portanto a data do Pentecostes que explica a consagração ao Espírito Santo, mas é a vontade do fundador de dedicar a sua obra ao Espírito Santo que explica a escolha do dia do Pentecostes para a sua inauguração.
Para reencontrar as fontes da inspiração da devoção ao Espírito Santo, de Poullart des Places temos que nos remontar à Bretanha. das suas origens As missões e os retiros tinham sido os principais instrumentos da renovação espiritual daquela província. Ora a verdade é que esta renovação se tinha operado sob o signo da devoção aos Espírito Santo e isso graças à influência do jesuíta o P. Lallemant . Este jesuíta, o famoso orientador do terceiro ano de noviciado dos Jesuítas, é o fundador de uma escola de espiritualidade, que mais que qualquer outra, acentua a importância da docilidade ao Espírito Santo. nos caminhos da vida cristã. Ele nunca esteve na Bretanha mas os seus discípulos sim. Os seus discípulos foram os grandes pregadores dessa espiritualidade na Bretanha :nomeadamente em Rennes, Rouen, , Bourges, Saint Brieu, a sua animação espiritual cobriu toda a Bretanha. Para Lallemant os dois pólos da sua espiritualidade eram a pureza de coração e a docilidade ao Espírito Santo, sendo o primeiro apenas um meio para atingir o segundo. “ O fim a que devemos aspirar, depois de nos termos por muito tempo exercitado na pureza do coração, é estarmos de tal maneira possuídos e dirigidos pelo Espírito Santo, que seja só ele quem conduz todas as nossas forças e sentidos, e que regule todos os nossos movimentos , interiores e exteriores, e que nos abandonemos totalmente a Deus ,, por uma renúncia espiritual das nossas vontades e das próprias satisfações. Assim, não viveremos em nós, mas em Jesus Cristo, por uma correspondência fiel ao agir do seu divino espírito”.(Doutrina Espiritual. P. Lallemant)
No livro do P. Lallemant “Doutrina Espiritual” donde este texto foi extraído, há 150 páginas consagradas ao Espírito Santo, mas pode dizer-se que no decorrer da obra não há nenhum parágrafo em que o Espírito Santo não seja referido
Além de pregadores, os jesuítas apóstolos da Bretanha, eram também exímios directores espirituais. No século XVII estes padres chegaram mesmo a formar uma Associação denominada “Associação dos Padres do Espírito Santo”, uma espécie de confederação, que chegou a contar cerca de mil associados, que se dedicava especialmente à formação pastoral e espiritual dos padres. Um manual para estes padres tinha o nome de “ Instituição da Congregação dos eclesiásticos dedicada ao Espírito Santo, sob a tutela da sua esposa sagrada, a Santíssima Virgem”. Há muitas semelhanças entre este manual e os Regulamentos do seminário de Poullart des Places
Akém isso,, algumas cidades da Bretanha como Rennes, Vannes, Quimper, tinham a sua casa de retiros. A de Rennes foi fundada em 1675, pelo reitor do colégio. Um documento de 1678 informa-nos que só neste ano, nesta casa, mais de cem padres participaram em retiros especialmente organizados para o clero.
O jovem Poullart des Places deve ter sido muito marcado por esta corrente de devoção, pois na rua de S.Salvador onde decorreu a sua adolescência , uma casa, com bastantes probabilidades de ser aquela mesma casa que ele habitou com seus pais, era então vulgarmente apelidada de “Casa do Espírito Santo”
È também provável que em Rennes existisse já uma Confraria do Espírito Santo, pois em 1699 temos notícia de uma renda em seu favor e temos referências a essa confraria na capital bretã.
Estas influências que terão deixado marcas em Poullart des Palces foram depois aprofundadas durante a sua formação nos colégios jesuítas, nomeadamente pelo P. Julien Bellier, capelão do hospital de Saint Yves, que Cláudio acompanhava nestas visitas bem como visitas que em Nantes ele à casa de retiros destas cidade
Uma outra influência dos colégios, talvez mais decisiva, foi a Associação dos Amigos, que ele frequentou em Paris, no colégio de CLermont.ou Luois Le Grand. Na origem desta associação de piedade estão precisamente dois bretões, discípulos do P. Lallement: Vincent de Meur e Jean Bagot. A acta da inauguração da Associação reza assim: “Escolheu-se e determinou-se o dia do Pentecostes, 4 de Junho de 1645, onde todos juntos , estando reunidos na congregação mariana do colégio às 3 horas da tarde, cada um recitou as orações e fizeram as outras orações designadas pelas regras para a recepção dos novos membros…”
Poullart des Places conhecia bem esta acta que se repetia todos os anos no decurso da primeira assembleia, e se ele dedicou a sua obra ao Espírito Santo foi porque bebeu nas meditações e colóquios destas reuniões a sua profunda devoção à Santíssima Trindade. Estas meditações encontravam-se compiladas no manual chamado “Prática das virtudes cristãs”. O Capítulo VII é todo ele dedicado ao Espírito Santo. Dizia esse manual: “ No dia de Pentecostes e durante toda a semana, abrirei o meu coração ao Espírito Santo afim de que o encha, o possua intimamente e seja o espírito do meu espírito e o coração do meu coração. Apresentá-lo-ei afim de que ele o consuma, como vítima, nas chamas do seu amor…Na prática devo acostumar-me a considerar o Espírito Santo, habitando intimamente em mim.”.
Foi a partir destas influências que ele acabou por passar da devoção ao Espírito Santo à ductilidade Espírito Santo. Ele percebeu que o Espírito Santo queria passar das tradições e do património espiritual da Bretanha para o seu coração Então o Espírito Santo começou a entrar na sua vida. A devoção que o marcava foi apenas a porta para ele entrar. Foi um salto difícil de que ele nos dá conta nos seus escritos. Foi quando descobriu a revelação do amor de Deis por ele, que o fez ultrapassar todas as reticências No seu retiro de 1701, ele faz uma releitura da sua vida , toma consciência deste Deus que sem cessar o procura , o persegue e que não deixa em paz..”Vós me procuráveis, Senhor e eu fugia de vós” Então todas as barreiras caem e ele perde todas as suas defesas. A partir desse momento ele não tem outro desejo senão entregar-se a Deus e corresponder a esse amor..Foi o “franchir le pas” de que falava Lallemant Ele entrega-se a Deus com todos os seus defeitos, as suas luzes e as suas sombras., uma vez por todas. “”Arrependido da minha cegueira, renuncio de todo o coração a todas as coisas que me levam a fugir de vós. Agora que venho procurar-vos, estou disposto a seguir todas as ordens da Vossa Providência. Vinde ao coração em que desde há muito quereis entrar. A partir de agora só para vós terei ouvidos e não terei mais afectos senão para vos amar..”Estou decidido a seguir o caminho que me indicares”
A partir daí a docilidade ao Espírito Santo será a bússola que o vai guiar. A disponibilidade apostólica será uma das marcas de origem dos Espiritanos.. Srá no horizonte desta disponibilidade que ele conhecerá os pobres e jogará a vida pela sua causa. “O que o Espírito nos pede neste momento, pede-o para sempre. Devemos pertencer-lhe na vida e na morte…Comprometemo-nos a procurar a honra do Espírito Santo,, primeiro dentro de nós próprios por meio de um espírito de docilidade perfeita á vontade de Deus, de obediência e submissão aos impulsos da graça, por um espírito de abandono de nós próprios aos desígnios da divina Providência. È necessário deixar-se dirigir pelo Espírito Santo, seguir unicamente as suas inspirações e resistir a todas as da carne, não ter mais afectos nem intenções, que as que Ele inspira, confiar nele e rejeitar toda a inquietação. “Ele é o meu pastor, nada me falta”
Alguns anos mais tarde, quando a congregação estava já solidamente implantadas, o P. Warnet, Superior Geral confessava: .”Esta consagração que fazemos ao Espírito Santo faz parte essencialmente do espírito das nossas Constituições: as santas promessas que com ela fazemos são a herança que nos deixaram os nossos pais. Eles eram pobres dos bens da terra e queriam ser ricos só dos dons do Espírito Santo que constituíam todo o seu tesouro. Legaram-nos também um testemunho dos seus piedosos sentimentos numa fórmula de consagração que nó devemos honrar com uma veneração inteiramente religiosa porque é como que o seu testamento espiritual…Consagraram-se ao Espírito Santo sob a invocação de Maria concebida sem pecado e nos ofereceram a eles. . Não podemos pertencer a melhor Mestre , sob uma melhor salvaguarda como a de Maria . Consagremo-nos, portanto a um e a outra segundo a intenção dos nossos pai”
E o P. Besnard, na sua biografia de S.Luis Maria Grignion de Monfort, diz dos primeiros espiritanos: “Sabe-se a que se destinam os jovens eclesiásticos que se reúnem no Seminário do Espírito Santo. Formados para todas as funções do sagrado ministério e em todas as virtudes sacerdotais…possuem em guru elevado, o espírito de desprendimento, de zelo e de obediência. Dedicam-se ao serviço das necessidades da Igreja, sem outro desejo que não seja o de servir e de lhe ser útil. Vemo-los nas mãos dos superiores imediatos e ao primeiro sinal da vontade destes…formam como que um corpo de tropas auxiliares, dispostos a ir por toda a parte onde haja trabalho para salvar almas, dedicando-se preferentemente ás obras das Missões, tanto estrangeiras como nacionais, oferecendo-se para ir residir nos lugares mais pobres e mais i abandonados para os quais se encontram mais dificilmente obreiros. Quer seja necessário ser relegado para o fundo de uma zona rural ou enterrado no canto de um hospital…ensinar num seminário ou dirigir uma comunidade pobre…quer seja preciso atravessar os mares ou ir até ao fim do mundo para ganhar almas para Jesus Cristo, a sua divisa é esta. “ Eis-nos aqui, dispostos a fazer a vossa vontade. Ecce ego, mitte me”
De notar, que associada ao Espírito Santo estava sempre Nossa senhora: “ Nossos pais consagraram-se ao Espírito Santo sob a invocação de Maria concebida sem pecado e nos consagraram a eles. Não podemos pertencer a um melhor Mestre nem estar sob melhor protecção que a de Maria. Consagremo-nos portanto a um e a outra segundo o desejo dos nossos pais espirituais”
Penso que um primeiro apelo da celebração deste ano jubilar da morte do nosso fundador será reabrir o seu testamento, o testamento da sua vida, e dar um novo espaço ao Espírito Santo na difusão do seu papel na vida e na missão da Igreja e deixarmos que ele faça parte incontornável do nosso projecto de vida

02/10/2009

2 de Outubro de 2009 – 300 aniversário da morte de Poullart des Places

Celebração no Fraião- Braga
Quem é o maior no reino dos céus?
O desejo de grandeza, honras e poder parece ser constitutivo da pessoa humana. Todos nós desejamos, por natureza, ser importantes, grandes. Mas é grande o exemplo de Jesus que, sendo o maior, o Filho de Deus, se converteu e se fez um como nós, humilhando-se para nos salvar.
Jesus no evangelho de hoje é bem claro: Se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças não entrareis no reino dos céus. Quem se humilhar esse será o maior no reino dos céus.

È este, creio eu, o grande exemplo que nos deixou o nosso jovem fundador Cláudio Francisco Poullart des Places. Sendo jovem, cheio de dotes e com um futuro promissor e glorioso pela frente, renunciou a tudo isso, despojou-se de todos os seus bens e honrarias, para estar disponível e servir. A sua conversão ao projecto de Deus obrigou-o a ultrapassar barreiras, pessoais e familiares. O Espirito Santo a quem ele consagrou a sua vida e a sua comunidade foi certamente aquele fogo do amor de Deus a transformá-lo à imagem de Jesus. Não só na sua humilhação e disponibilidade para realizar o projecto de Deus Pai, mas também na sua entrega a Deus ainda muito jovem, morrendo aos 30 anos e 6 meses de idade.

Um miúdo interpelou um homem rico e perguntou-lhe:
- Esse carro é seu?
- Sim.
- É bonito, sabe! Quanto pagou por ele?
- Não sei.
- Quer dizer comprou-o e já não se lembra quanto pagou por ele, é isso?
- Não. Eu não o comprei. Foi o meu irmão que mo deu como presente.
- Quer dizer o seu irmão deu-lho e não lhe custou nem um cêntimo.
- É isso mesmo.
- Ah, respondeu o miúdo, quanto …
E o homem rico pensou que o rapaz iria dizer: quanto eu gostaria de ter um irmão assim, mas não: Ele disse:
- Quanto eu gostaria de ser um irmão assim.

Quanto eu gostaria de ser um irmão assim, como Cláudio Poullart des Places. Capaz de se fazer pobre para ajudar os pobres. Capaz de renunciar a tudo o que era legitimo para maior glória de Deus. Capaz de se entregar de alma e coração ao serviço dos outros. Capaz de consagrar a sua juventude, a sua vida, a uma causa: o bem das almas, a Missão da Igreja. Quanto eu gostaria de ser um irmão assim e de poder reconhecer em cada membro da nossa família espiritana, o zelo e a devoção, a disponibilidade e o serviço de Cláudio Poullart des Places. E graças a Deus vamos encontrando bons exemplos e seguidores de Poullart des Places nas nossas comunidades e nos nossos grupos, incluindo entre os leigos.

Damos graças a Deus pelo exemplo do nosso fundador Cláudio Poullart des Places cuja vida de humildade e profundo desejo de corresponder à vontade de Deus se alimenta à mesa da Eucaristia e se fortalece, também para nós, no encontro com o Senhor Jesus, na sua palavra e no seu pão. Poullart des Places passava horas diante do santíssimo sacramento. A sua vida activa estava bem fundada na vida de oração e de comunhão com Deus que ele tanto cuidou. Por isso é grande o desafio que o seu exemplo nos levanta hoje: viver em comunhão com Cristo para que não nos seja difícil reconhece-lo no outro, especialmente no pobre, a quem somos chamados a servir.
Por outro lado ao celebrarmos os 300 anos da morte do nosso querido fundador, damos graças a Deus por a sua intuição e o seu exemplo, constitutivos do carisma espiritano, continuar a entusiasmar homens e mulheres, religiosos e leigos, no seguimento de Cristo e ao serviço da Missão como missionárias e missionários do Espirito santo, espalhados hoje em 60 paises deste mundo..
Sejamos nós capazes de ser ousados e criativos para encontrarmos a melhor forma de levar o exemplo da sua vida e o apelo da sua conversão ao conhecimento dos jovens de hoje. Por sua intercessão roguemos pelas vocações e pela generosidade dos jovens em responder aos apelos de Deus. Para isso, creio ser importante relembrar e fazer na nossa vida o primeiro artigo do Regulamento Geral da Primeira comunidade que Cláudio fundou, que diz:: Todos os membros adorarão particularmente o Espirito Santo ao qual estão especialmente dedicados. Terão também uma particular devoção à Santíssima Virgem, sob a protecção da qual todos são oferecidos ao Espirito Santo.
Homilia do Provincial: P.José Manuel Sabença

29/09/2009

1709...23 de Set./2 de Outubro...2009



8º DIA: Cláudio passa pela prova da “noite escura”.
Rezemos pelas famílias dos Espiritanos e por todos os amigos e benfeitores.

1. Oração: Vinde Espírito Santo!
Senhor Jesus, que não te valeste da tua igualdade com Deus, mas te rebaixaste até ao suplício da Cruz para, exaltado pelo Pai, seres a fonte da nossa salvação, faz-nos, como a Poullart des Places, encontrar na tua oferenda o modelo a imitar e a mensagem a ensinar para que, vivendo o espírito do Evangelho, estejamos unidos a ti. Ámen.

2. Meditação de Cláudio Poullart des Places
“Não seriam demais lágrimas de sangue para chorar a minha miséria. É verdade que nunca fui o que deveria ser, mas ao menos fui muito diferente do que hoje sou. Como seria feliz, se não tivesse perdido mais do que metade do que adquirira por meio da graça. Infelizmente, já não presto atenção à presença de Deus, não penso n’Ele durante o sono, quase nunca ao acordar, sempre distraído nas minhas orações” (Ao encontro dos pobres. Vida do P. Cláudio Francisco Poullart des Places - p.74. Francisco Lopes).

9º DIA: Cláudio morre, mas continua vivo na sua obra
Rezemos pelas nossas comunidades cristãs para que acolham o exemplo e o espírito do nosso jovem fundador.
1. Oração: Vinde Espírito Santo
“Senhor, Tu levaste Cláudio Poullart des Places a discernir o espírito da tua Igreja entre as incertezas do seu tempo, e ele seguiu a tua luz; faz-nos capazes de tomar as nossas decisões, não seguindo a moda, mas sim os valores evangélicos em comunhão com a tua Igreja e com a nossa Congregação. Ámen”.

2. Meditação de Cláudio Poullart des Places
A morte não o surpreendeu nem amedrontou. Preparara-se para ela durante anos e todos os meses com um dia de retiro. Administraram-lhe com tempo o sacramento da unção dos doentes; depois de o ter recebido, com plena consciência e perfeita liberdade de espírito, expirou docemente, pelas cinco horas da tarde do dia 2 de Outubro de 1709, com trinta anos e sete meses; seus restos mortais foram enterrados em uma vala comum, como os defuntos pobres e aqueles, cujas famílias não tinham conseguido um jazigo próprio, numa linha de fidelidade ao projecto traçado por Cláudio Poullart des Places.

Oração pela beatificação
de Cláudio Francisco Poullart des Places.

Deus, Pai de bondade infinita,
nós vos louvamos
porque destes à vossa Igreja
a Congregação do Espírito Santo,
através de Cláudio Poullart des Places.
Que o testemunho de vida santa
que ele nos deixou
- sobretudo o seu amor pelos pobres –
seja luz para as nossas vidas
e nos leve a viver a missão
com a audácia do amor
derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo.
Concedei-nos a sua beatificação,
o dom de muitos e santos missionários
e a graça particular
que hoje vos pedimos….
Por Jesus Cristo,
Nosso Senhor.
Ámen.

27/09/2009

1709...23 de Set./2 de Outubro...2009

6º DIA: Cláudio experimenta a pobreza espiritual como despojamento.
Rezemos pelas vocações espiritanas de leigos associados e fraternidades.
1. Oração: Vinde Espírito Santo!
Senhor, não posso nada sem Ti, mas tu enches com os teus dons aqueles que se confiam a Ti, tal como encheste Cláudio Poullart des Places. Eis-me aqui, diante de Ti. Vejo-me incapaz de realizar o que Tu queres de mim. Mas creio que o teu amor estará comigo para que eu leve até ao fim o que tu queres que eu faça. Ámen.

2. Meditação de Cláudio Poullart des Places
“Tenho um pouco de sanguíneo e muito de melancólico. Além disso, bastante indiferente com as riquezas, mas muito apaixonado pela glória e por tudo o que pode elevar um homem acima dos outros pelo mérito; pleno de inveja e de desespero diante do sucesso dos outros, sem, no entanto, deixar manifestar essa paixão indigna e sem fazer e nem jamais dizer nada para contentá-la; bastante discreto nas coisas secretas, muito político em todas as acções da vida, empreendedor em meus desejos, mas escondido na execução; procurando a independência, escravo, no entanto, da grandeza; temendo a morte, relaxado por consequência, incapaz apesar disso de sofrer uma afronta manifesta; lisonjeador em excesso em relação aos outros, impiedoso em relação a mim quando faço uma falta; sóbrio nos prazeres da boca e do gosto, e bastante reservado sobre os da carne...” (Escolha de um estado de vida).

7º DIA – Cláudio tem confiança absoluta no amor misericordioso de Deus.
Rezemos pelos leigos espiritanos da LIAM, MOMIP, JSF e Ases.

1. Oração: Vinde Espírito Santo!
Senhor, Cláudio Poullart des Places acolheu os Vossos desígnios de amor misericordioso e deixou que lhe “falasses ao coração”. Que a Vossa bondade nos faça apreciar toda a Vossa misericórdia. Na origem de tudo, o Vosso amor é oferecido a toda e qualquer pessoa. Obrigado, Senhor, por nos procurares sempre e nos acompanhares hoje com a Vossa paternal atenção, para bem da nossa vida e louvor da Vossa Glória. Ámen.

2.Meditação de Cláudio Poullart des Places
“Somente a Vós pertence, ó meu Deus, conduzir o coração do homem. Reconhecendo o Vosso força para que eu reconheça eficazmente o Vosso amor! Vós me amais, meu divino Salvador, e me dais sinais bem sensíveis disso. Eu sei que Vossa ternura é infinita, porque ela não se esgotou diante das inúmeras ingratidões que cometi. Há muito tempo que quereis falar ao meu coração, mas há muito tempo que não quero escutar-vos. Procurais persuadir-me que quereis servir-vos de mim para as tarefas mais santas e mais religiosas (...). Eu não vim aqui para me defender, eu vim aqui para me deixar vencer” (Reflexões sobre as verdades da religião).

25/09/2009

1709...23 de Set./2 de Outubro...2009

4º DIA: Cláudio faz opção pela vida comunitária.
Rezemos pelas vocações espiritanas de irmão e irmã.

1. Oração: Vinde Espírito Santo!
“Santíssima e adorável Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, a quem, por Vossa graça, adoro com todo o meu coração, com toda a minha alma e com todas as minhas forças, permiti que, muito humildemente, Vos ofereça minhas pobres orações para Vossa maior honra e glória”.

2. Meditação de Cláudio Poullart des Places
Cláudio entrou no Seminário com a intenção de ser padre diocesano. A “Regra de Vida” que ele elaborou não fala em vida comunitária nem em oração em comum, mas a “Regra da Casa” que ele elaborou e observou a partir do Pentecostes de 1703, deixa claro que se trata de uma verdadeira comunidade. Não fala de votos. Todos eram pobres e se preparavam para o sacerdócio. Mas sublinha a importância da obediência: “Nada é mais importante, para a ordem da casa do que a obediência. No mais, nada é mais recomendável; é uma grande virtude submeter em tudo a sua vontade à vontade de outro”. Outras regras falam da oração e leitura espiritual individual e em comum, da Missa diária e do Ofício do Espírito Santo, visitas ao Santíssimo, estudo da Liturgia e da Escritura Santa. Falam do recreio em comum, do tratamento na doença, da importância da modéstia e do silêncio. As regras para actividade pastoral e as devoções particulares são as mesmas da Confraria e Associação de Amigos do Seminário São Luís. “Todos se tratarão com muita gentileza, antecipando-se às necessidades uns dos outros com o maior respeito possível, como diz o Apóstolo: “Amai-vos uns aos outros como os irmãos devem fazer, e tende um respeito profundo uns pelos outros” (Romanos 10, 12).

5º DIA: Cláudio vive a pobreza como e com os pobres.
Rezemos pelas vocações espiritanas de sacerdotes.

1.Oração: Vinde Espírito Santo!
“Nada mais tenho a pedir-Vos, meu Deus, a não ser a privação de todos os bens terrenos e perecíveis. Portanto, concedei-me mais ainda esta graça de me desapegar completamente de todas as criaturas e de mim mesmo, para que só a Vós pertença para sempre. Quero ver-me um dia despojado de tudo, vivendo de esmolas, depois de ter dado tudo”.

2. Meditação de Cláudio Poullart des Places
Poullart des Places tinha consciência viva de gostar da glória e de “tudo o que pode elevar um homem acima dos outros pelo mérito”. A sua oração reflecte isso mesmo: “Senhor, destruí em mim todos os apegos mundanos que sempre me acompanham” (Escolha de um estado de vida). Voltará ao mesmo tipo de pedido numa oração datada de 1702: “Concedei-me, Senhor, essa graça despojando-me de todas as criaturas e de mim mesmo” (Regulamento particular). É interessante constatar que um tal despojamento foi fruto da oração. Não é a oração o lugar onde amadurece a capacidade de oferecer todo o nosso o ser ao Senhor que chama? Poullart des Places queria estar livre para estar sempre na presença do seu Deus e para fazer a Sua vontade (Anima Una 61-”Viver hoje o voto de Pobreza”, 2.2.).

21/09/2009

1709...23 de Set./2 de Outubro...2009

NOVENA COM CLAUDIO POULLART DES PLACES 1º DIA – Cláudio descobre a vontade de Deus através do discernimento.
Rezemos pelo dom das vocações espiritanas, de religiosos e de leigos, para a missão.
1. Oração:
Vinde Espírito Santo! Enchei os corações dos vossos fiéis…!
Vós me procuráveis Senhor, e eu fugia de Vós. De há muito que quereis falar ao meu coração, mas não tenho querido escutar-vos. Não vim aqui para me defender, mas para me deixar vencer. Falai meu Deus, quando Vos aprouver. Descei ao coração onde, desde há muito, desejais entrar.

2.Meditação de Cláudio
“Há muito que quereis falar ao meu coração, mas não tenho querido escutar-vos. Não vim aqui para me defender, mas para me deixar vencer. Falai, meu Deus, quando vos aprouver. Agora, Senhor, que venho procurar-vos podeis dar-me a conhecer a vossa santa vontade”. “É a Vós que devo dirigir-me, para me decidir segundo a vossa vontade. Que eu não tenha outro objectivo senão o de Vos agradar”.
No momento de crise espiritual: “O procedimento de Deus para comigo no passado dá-me esperança. Ele permitiu que fizesse este retiro numa época que eu não esperava”.

2º DIA: Cláudio quer viver sempre na presença de Deus.
Rezemos pelos jovens para que se questionem e abram a Cristo e aos pobres.
1. Oração:
Vinde Espírito Santo! Enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
“Com o meu coração e o meu espírito cheio de Vós, meu Deus, permaneço sempre na Vossa presença, como devo. Peço esta graça do fundo do meu coração”.

2. Meditação de Cláudio
“Tenho de me lembrar que estou sempre na Vossa presença, esteja eu onde estiver; que Vós me vedes e que nunca posso ofender-vos sem Vos testemunhar a minha infidelidade. Uma vez adquirido o hábito de nunca esquecer que Vós estais em todo o lugar, nos meus pensamentos, nas minhas palavras, no meu coração, no meu quarto, na rua ou em qualquer outro lugar, estarei sempre cheio de respeito e de submissão. Antes de pensar, falar ou agir devo consultar-Vos”.

3º DIA: Cláudio escolhe os estudantes pobres como campo de apostolado.
Rezemos pelos jovens seminaristas decididos a seguir Cristo para servir os pobres.

1. Oração: Vinde Espírito Santo!
“De todos os bens terrenos eu não quero guardar nada para mim a não ser a minha saúde, para poder sacrificá-la inteiramente a Deus no trabalho das missões; ficaria imensamente feliz se, depois de inflamar o mundo inteiro com o amor de Deus, pudesse derramar a última gota do meu sangue por Aquele cujos benefícios estão quase sempre na frente dos meus olhos”.

2. Meditação de Cláudio Poullart des Places
“Este seminário tem por fim específico educar jovens eclesiásticos pobres e desapegados dos bens desde mundo e prepará-los para irem para onde quer que os bispos os enviem, preferindo os lugares mais abandonados e os ministérios mais humildes e, por isso, os mais difíceis de assumir. O espírito do Instituto faz-nos desconfiar das nomeações para cargos lucrativos e honrosos e fugir deles e abraçar os trabalhos mais humildes e mais cansativos, como evangelizar os aldeões pobres, os doentes nos hospitais, os soldados no exército, os pagãos no novo Mundo”.

16/09/2009

Pensamentos de Cláudio P.Places

Viver na presença de Deus é remédio contra o pecado...
7. “Doravante, meu Deus, não me perdoarei nenhuma debilidade que possa esfriar a vossa graça em mim,... com ela procurarei não cair em tão grande mal... Me parece admirável o segredo que hoje nos deram para conseguir o louvável propósito de nunca vos desagradar e desejo de todo coração não o esquecer nunca. É necessário, por tanto, lembrar-me que, em qualquer parte do mundo, estou sempre na vossa presença, que Vós me vedes e que não posso ofender-vos sem que sejais testemunha da minha infidelidade. Desde não esqueça que estais em toda a parte, nos meus pensamentos, nas minhas palavras, no meu coração, no meu quarto, na rua e em todos os sítios, eu serei sempre respeitoso e submisso.” (Ibd. pp. 33-34).

8. “Tem coragem, minha alma. Promete ao teu Deus fazer penitência dos teus pecados e mostra-lhe o horror que te causam... Que nada no mundo seja capaz de me afastar da virtude. Percamos o respeito humano, a complacência, a fraqueza, o amor-próprio, a vaidade, percamos tudo o que temos de mau e guardemos só o que pode ser bom. Que digam tudo o que quiserem, que me aprovem, que se mofem de mim, que me tratem como visionário, hipócrita ou homem de bem: doravante tudo isso tem que ser- me indiferente. Busco a Deus. Ele deu-me a vida só para o servir fielmente... Só Deus me ama sinceramente e quer o meu bem. Se posso agradar-lhe, serei muito feliz; se lhe desagrado, serei o homem mais miserável do mundo. Tenho tudo a ganhar se vivo em graça; tudo perderei se a perco”. (Ibd. p. 35).

07/09/2009

Pensamentos de Cláudio P.Places

A experiência da própria debilidade, da paciência e misericórdia de Deus fortalece a união a Deus e a repulsa de todo pecado...
5. “Vós sois o Pai das misericórdias, recebeis no seio de Abraão as ovelhas que buscam o pastor que perderam... Sois a videira e eu sou um sarmento que quereis unir à cepa para viver da sua mesma vida... Pelo preço que for, eu quero, meu divino Salvador, tornar-me digno do vosso amor... Meu coração, cheio de vaidade e de ambição até agora, nada encontrava no mundo suficientemente nobre e grande que o enchesse. Já não estranho que as coisas terrenas e passageiras não fossem capazes de o contentar. Estava reservado para Deus, e agora encontra com que encher-se inteiramente. Só Vós, e nada mais o ocupará.” (Ibd. p. 20-21).

Lembra-te que tens que morrer e não pecarás!...
6. “Confesso, meu Deus, que quero resistir a essas funestas seduções do pecado. Não o posso fazer sem a vossa ajuda nem o pedirei suficientemente... Não permitais nunca que me cegue. Iluminai-me com a mesma luz com que iluminastes um Agostinho, um Paulo, uma Madalena e tantos outros santos... Doravante não quero pensar senão naquilo que possa precaver-me para jamais cair no pecado que faz perder a graça. Acabo de receber um meio seguro para vigiar a mais mínima das minhas acções e para manter-me sempre agradável aos olhos de Deus. Este é o segredo que buscava e que devo amar. Para que não o esqueças nunca, minha alma, repito-te: ‘Lembra-te que tens que morrer, e nunca pecarás. Que salutar conselho, que admirável sentença!” (Ibd. pp.24, 27).

04/09/2009

PENSAMENTOS DE CLAUDIO P.PLACES

A conversão abre o coração a Deus e renuncia ao que se lhe opõe...
3. “Falai, meu Deus, quando vos aprouver... Agora, Senhor, que me arrependo das minhas cegueiras, que renuncio de todo coração a todas as coisas que me obrigavam a fugir de Vós, agora que vos venho procurar, que estou disposto a seguir todas as ordens santas da vossa Providência Divina, descei ao coração aonde, desde há muito tempo, quereis entrar: não mais terá ouvidos senão para Vós nem terá mais afeições senão para Vos amar como deve... Nada no mundo será capaz de vos arrancar um servidor que vos consagra, com a coragem digna de um cristão, obediência sem reservas e submissão infinita... É necessário, por assim dizer, que eu mude de natureza, que me despoje do velho Adão para revestir-me de Jesus Cristo. Porque, doravante, Divino Salvador, ou vos pertenço inteiramente ou assino a minha própria reprovação.” (Ibd. p. 18)

A conversão torna o homem conforme ao coração de Deus...
4. “Vós quereis, meu Deus, que eu seja homem, mas que o seja segundo o vosso coração. Compreendo o que me pedis e quero dar-vo-lo porque me ajudareis, me dareis força e me ungireis com a vossa Sabedoria e virtude... Toca-vos, pois, combater por mim. Entrego-me inteiramente a Vós, porque sei que tomais sempre o partido de quem espera em Vós... Mudai a minha fraqueza em coragem, e se é necessário que uma pobre cana como eu esteja exposta ao furor dos ventos e tempestades mais fortes, cingi-me com a vossa misericórdia e cobri a minha debilidade com o vosso manto de justiça. Conservai em mim, oh meu Deus, um santo horror por tudo aquilo que mais Vos desagrada. Assusta-me o exemplo da vossa justiça... e, ao mesmo tempo, aumenta o meu amor... e comove-me de gratidão a vossa paciência com os meus pecados...” (Ecrits, pp. 18-19).

27/07/2009

19 de Julho de 2009 - Torre d`Aguilha

Recordando Cláudio Poullart des Places...
A história da humanidade e da Igreja está cheia de belos exemplos de homens e mulheres que, no seguimento de Jesus, se compadeceram dos pobres e que decidiram ser o bom samaritano dos excluídos do banquete da vida que o Criador preparou para toda a humanidade. Ides permitir, que refira o exemplo de um jovem que teve um itinerário humano e espiritual muito bonito. Trata-se de Cláudio Poullart des Places, cuja celebração do tricentenário da sua morte, a Família Missionária Espiritana, começa hoje a celebrar. Cláudio, de uma família, nobre e rica, aprendeu com um padre do seu bairro a servir os pobres; depois, manteve sempre uma sensibilidade especial à sorte dos mais desfavorecidos. Ao cabo de um longo período de discernimento, renunciou a uma brilhante carreira que tinha pela frente, escolhendo, em vez disso, ser padre.
Durante o seu curso de formação para o sacerdócio em Paris, encontra colegas tão pobres que passavam mal para poderem pagar os seus estudos. Começa por partilhar com eles a sua mesada; e pouco depois junta-os numa mesma comunidade.
Em 27 de Maio de 1703, festa do Pentecostes, ele e mais onze companheiros consagram-se ao Espírito Santo diante duma estátua de Nossa Senhora do Bom Sucesso. E assim nasce o que virá a ser a Congregação do Espírito Santo.
Em 2 de Outubro de 1709, com a idade de 30 anos, Cláudio morre, e é enterrado, como tinha pedido, na vala comum dos pobres de S. Estêvão do Monte. A obra que fundou irá desenvolver-se e enviar muitos missionários por todo o mundo. Hoje a Congregação do Espírito Santo anda pelos 3000 membros, que trabalham em mais de 60 países, nos cinco continentes.

Relendo a história dos nossos primeiros e grandes missionários notamos que a par de privilegiados meios pastorais (incansável pregação da Palavra, celebração dos sacramentos, catequese, culto mariano, etc.) sempre os grandes evangelizadores defenderam os direitos e dignidade dos povos nativos, censuraram os atropelos cometidos contra os mesmos povos e se dedicaram à prática das obras de misericórdia, à denúncia das injustiças e tiveram especial solicitude pela educação e promoção humana. Há anos atrás o Sínodo Africano, reunido em Roma, prestou homenagem aos missionários em termos muito realistas e sentidos: “ Eles – os missionários - viveram no duro, enfrentaram o desconforto, a fome, a sede, a doença, a certeza de vida muito breve, a morte ... para nos dar aquilo que eles tinham como mais caro: Jesus Cristo. Eles pagaram um pesado preço para fazer-nos filhos de Deus…”.
Ao regressarem da sua primeira experiência missionária, os discípulos falaram a Jesus dos sinais do Reino que viram manifestar-se. À sua imitação, todos nós, em Igreja, somos convidados a viver mais profundamente o mistério de Cristo, colaborando com gratidão na obra da salvação.


P. Eduardo Miranda Ferreira :19/07/09

19/07/2009

Cláudio Poullart des Places...


Mensagem Provincial
Foi há 300 anos que, em Paris, morreu o jovem Padre Cláudio Poullart des Places, fundador dos Missionários do Espírito Santo. Tinha 30 anos e morreu pobre entre os pobres. A celebração deste tricentenário, que agora iniciamos, é uma bela ocasião para erguermos bem alto a chama da nossa conversão ao Espírito Santo. A vivência da Eucaristia e do ministério sacerdotal que tão importantes foram na vida de Cláudio serão, neste ano sacerdotal, como combustível a fazer crescer a chama do nosso amor à Missão..
Se Deus quiser servir-se de nós para acender no coração dos jovens esta chama missionária, estamos dispostos a seguir o caminho que o Senhor nos indicar. Se a nossa vida for como chama ardente de entusiasmo e de dedicação aos pobres, pelo menos seremos sinal luminoso a apontar os valores do Reino e a verdadeira Luz que é Cristo. Vamos rezar para que a vida de cada um de nós seja apelo e interpelação vocacional. Vamos unir-nos para que a nossa alegria de viver seja testemunho que atrai. Vamos falar de Cristo aos jovens e lançar-lhes o apelo: numa carta, num email, num SMS, num telefonema, numa experiencia de vida que partilhem connosco. Todos podemos fazer alguma coisa. Deus pode servir-se de todos e de tudo, mas é sempre Ele quem chama. Em nome dos Espiritanos, Queria agradecer a Deus a força do testemunho deste nosso jovem fundador, que particularmente a partir de hoje propomos a todos como um modelo de vida e de Missão.

P. José Manuel Sabença, 19 de Julho 2009.

10/07/2009

Uma bela página da História da Igreja que ainda hoje se continua a escrever!

Cláudio Poullart des Places: nasceu em Rennes (França) em 1679, e aí viveu parte da sua juventude. De família abastada e influente, recebeu uma boa formação cristã. Os pais que o sonhavam futuro conselheiro no parlamento, possibilitaram-lhe os estudos nas melhores escolas dos Jesuitas. Aí aprendeu as letras e também a vida de piedade. Uma forte devoção ao Espírito Santo era incutida nos alunos e o serviço aos doentes no hospital contíguo fazia parte dos trabalhos de casa. Cláudio aí cresceu e aí nasceu nele o desejo de ser padre.
O pai nem queria ouvir falar no assunto. Propôs-lhe estudar direito em vez de teologia. Claudio foi então para Nantes. Por algum tempo foi esquecendo a ideia de ser padre e foi-se dando à vida mundana com seus atractivos e prazeres. Gostava de frequentar a gente da alta roda com seus bailes e festins, onde ele se impunha não só pelo aspecto físico mas também pela inteligência e pela origem familiar. Tinha todos os trunfos para ser um homem de fama e de glória. O pai chegou mesmo a enviá-lo à côrte de Versalhes porque aí poderia encontrar uma esposa de linhagem nobre. Mas esta vida mundana e frívola, não o satisfazia plenamente.
Propõe-se então fazer um retiro, para aprofundar o sentido da sua vida, descobrir a sua vocação, fazer a escolha do seu estado de vida. Felizmente que nos ficaram as suas reflexões escritas, que nos permitem perceber a transformação que se opera dentro dele, na linha dos grandes santos como S. Paulo, Santo Agostinho, Santo Inácio de Loyola. “Vós me procuráveis Senhor e eu fugia. Eu queria trocar-vos as voltas, e Vós não consentistes. Como sois amável meu Divino Salvador... Vós não queríeis a minha morte mas a minha conversão”. É nesse encontro profundo com Deus que ele toma a decisão de ser padre. Nunca viria a vestir a toga de advogado que a mãe com tanto carinho fizera. Disposto a seguir o apelo de Deus, deixa tudo e vai para Paris. Ao contrário do jovem rico do Evangelho, ele aceita o desafio da radicalidade, renunciando a tudo.
No colégio de Luís o Grande onde estuda a teologia, continua um caminho de purificação e de descoberta dos mais pobres. No seu apostolado, ele vai primeiro ao encontro dos adolescentes limpa-chaminés, reunindo-os para os ajudar e lhes ensinar o catecismo. Logo depois se dá conta de outro tipo de pobres. Os que queriam ser padres mas não tinham meios de se formar. A esses dá uma parte da mensalidade que os pais lhe enviam e junta os restos de comida do colégio para que não passem fome. Os pobres vão ajudá-lo à segunda conversão.
Faltava-lhe desprender-se de si próprio. Deixou o seu quarto no colégio para ir viver com esses pobres em condições de grande penúria. Com eles inicia uma comunidade de vida assentando a formação numa grande docilidade ao Espírito Santo, numa grande devoção a Nossa Senhora, e numa grande atenção aos mais pobres. Tudo começou de um modo informal, e os estatutos da comunidade iam nascendo aos poucos conforme a vida o exigia. Para eles o mais importante era alicerçar a vida em Deus, viver d’Ele e para Ele, deixar-se embeber dos sentimentos de Jesus, que sendo rico se fez pobre, para nos levar a Deus. Para ser da comunidade era preciso ser pobre, amar os pobres e querer trabalhar nos lugares e paróquias onde os outros não queriam ir.
A comunidade-seminário consagrada ao Espírito Santo, formada por 12 jovens começou oficialmente no dia de Pentecostes de 1703, tendo Cláudio 24 anos de idade, sendo apenas seminarista. Naquele acto de consagração diante de nossa Senhora do Livramento em Paris, estava a nascer uma das grandes Congregações missionárias. Ordenado padre em 1708 Cláudio ficará pouco mais tempo entre os seus. Morreu um ano depois da ordenação em 1709 e apenas com 30 anos, extenuado de trabalho e vítima de uma epidemia que nesse ano devastou Paris.
Não teve tempo de escrever muito nem de estruturar bem a sua obra. Mas o impulso que lhe deu e as bases em que a assentou permanecem ao longo dos tempos. Abertos ao Espírito Santo, confiados a Maria, disponíveis para encontrar os pobres e viver com eles, os espiritanos de hoje, tentam actualizar o carisma e a vida do seu fundador.
Ver http://www.espiritanos.org/ ou contactar P. Hugo Ventura vindivede@espiritanos.org

Novena:
18 de Julho- 9ºdia - Claudio e o Amor à Eucaristia.
«Eu passava tempos consideráveis diante do Santíssimo Sacramento (...).Sentia visivelmente as bênçãos de Deus na santa ansiedade de me aproximar do Santíssimo Sacramento do altar».Rezemos com Cláudio:«Meu Senhor, suplico-vos que vos digneis conceder-me a fé, a humildade, a castidade, a graça de não fazer, de não dizer, de não pensar, de não ver,de não escutar e de não desejar senão o que Vós quereis que eu faça, diga, pense, veja e escute».Vinde Espírito Santo e inundai os nossos corações...Pai Nosso.

17 de Julho: 8º dia - Maria, Padroeira do Seminário do Espírito Santo
Das normas do seminário: antes de «cada tempo de estudo, uma oração ao Espírito Santo,para pedir as suas luzes; e uma Avè Maria, em honra da Santíssima Virgem, para obter as luzes do seu esposo». Ao submeter a sua obra à protecção especial de Maria, Cláudio pensa na dignidade singular de Maria como esposa do Espírito Santo.Rezemos com Cláudio:«Por intermédio da Santíssima Virgem, entrego em vossas mãos o meu espírito e o meu coração».Vinde Espírito Santo…e tornai-nos dóceis como Maria...Pai Nosso.

16 de Julho: 7º dia - Cláudio funda a Congregação.
Rezemos com Cláudio:
«No dia de Pentecostes, aos pés de Nossa Senhora,Cláudio e o grupo de seminaristas que formam a sua comunidade, consagram-se ao Espírito Santo a quem adorarão de modo particular.Terão também uma devoção muito especial à Virgem Maria sob cuja protecção foram consagrados ao Espírito Santo. A devoção ao Espírito Santo destina-se a obter o «fogo do amor divino».Vinde Espírito Santo e enchei os corações dos vossos fiéis. Enviai Senhor o vosso Espírito e tudo será criado... Pai Nosso.

15 de Julho: 6º dia - Cláudio partilha a vida e a causa dos pobres.
Rezemos com Cláudio:«Nada mais tenho a pedir-Vos, meu Deus, a não ser a privação total de todos os bens terrenos e perecíveis. Destrui em mim todos os apegos mundanos, que por toda a parte me acompanham. Que não tenha no estado de vida que escolher para sempre, outro objectivo senão o de vos agradar. Estou decidido a seguir o caminho que me indicardes».Vinde Espírito Santo e ensinai-nos o Vosso espírito de pobreza! Pai Nosso...
14 de Julho: 5º dia - Cláudio renuncia à sua riqueza. ... fazendo-se pobre.
Rezemos com Cláudio:«Quereis, meu Deus, que eu seja homem, mas segundo o vosso coração. O meu coração até aqui, cheio de vaidade e de ambição, nada encontrava no mundo suficientemente elevado e grande para o encher. Estava reservado para um Deus e encontra agora com que encher-se inteiramente. Não mais será ocupado a não ser por Vós, meu Deus e meu tudo».
Vinde, Espírito Santo,e enchei-nos do vosso amor.Pai Nosso...
13 de Julho: 4º dia -Cláudio consagra-se à Santissima Trindade .... Consagremo-nos com ele.
Não quereis a minha morte. Não quereis senão a minha conversão. Como se tivésseis necessidadede mim, tratais-me sempre com mansidão. De há muito que quereis falar-me ao coração, mas não tenho querido escutar-vos. Não vim aqui defender-me mas para me deixar vencer. Falai, meu Deus, quando vos aprouver».
Vinde, Espírito Santo,e iluminai os nossos corações.Pai Nosso...

12 de Julho: 3º dia
-
A vocação de Cláudio.... e a nossa vocação.
Rezemos com Cláudio:«Deus está presente em todos os estados de vida. E dá graças a uns e a outros, segundo oque merecem. (...) O segredo está em não se enganar na escolha. (...) Por Vossa graça, Senhor,fazei que eu encontre um Ananias, que me indiqueo verdadeiro caminho, como a S. Paulo. Seguirei os seus conselhos como mandamentosVossos. Não permitais, meu Deus, que me engane.Ponho toda a minha esperança em Vós».Vinde, Espírito Santo,e abri os nossos corações.Pai Nosso...

11 de Julho: 2º dia
- Cláudio agradecido pela conversão...Demos graças!
Rezemos com Cláudio:«Ó meu Deus, recorro à Vossa Divina Providência e abandono-me inteiramente a ela. Renuncio às minhas inclinações e apetites e à minha própria vontade, para seguir unicamente a Vossa. Dai-me a conhecer, meu Deus, a vossa vontade.Derramai
sobre mim as graças necessárias para vos servir por toda a vida na vocação que vos dê maior glória».Vinde, Espírito Santo…e fortalecei os nossos corações.Pai Nosso...

10 de Julho: 1º dia
- A conversão de Cláudio .... e a nossa!
«Vós me procuráveis, Senhor, e eu fugia de Vós.Como sois amável, meu divino Salvador!
Rezemos com Cláudio:«Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo,que, por Vossa graça, adoro de todo o coração,com toda a minha alma e todas as minhas forças, permiti que, muito humildemente Vos ofereça as minhas pobres orações para a Vossa maior glória, para minha santificação [...] e pela conversão de todos aqueles por quem devo rezar».
Vinde, Espírito Santo,e acendei em nós o fogo do Vosso amor. Pai Nosso...